Especialistas defendem em Lisboa gestão humanista dos fluxos migratórios

Várias individualidades defenderam hoje em Lisboa uma gestão humanista dos fluxos migratórios, lembrando que os imigrantes são hoje fundamentais para setores como o turismo e que a sua saída iria sair caro, nomeadamente ao bolso dos contribuintes.

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© Zed Jameson/Anadolu via Getty Images

Lusa
22/05/2025 15:33 ‧ há 6 horas por Lusa

País

migrações

No arranque do ciclo de conferências "Desafio atuais da Imigração Lusófona", promovido pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e que hoje abordou a gestão dos fluxos migratórios e os desafios da inclusão, o secretário-geral da instituição alertou para os riscos de "respostas precipitadas".

 

Para Luís Campos Ferreira, a imigração é "um tema escaldante, que precisa de ser encarado com responsabilidade e humanidade".

"Respostas precipitadas, sem uma avaliação concreta do percurso percorrido, correm o risco de, não só não resolver o problema, ao nível do trabalho, habitação ou segurança social, como o ampliar, para os imigrantes e não imigrantes", disse.

O especialista em direito das migrações e presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Gonçalo Saraiva Matias, considera "muito superficial" o debate que tem existido sobre a imigração.

Portugal transformou-se nos últimos anos num "país atrativo para a imigração", o que o advogado acha positivo, mas também um grande desafio.

E defendeu "uma política integrativa que seja capaz de dotar e organizar respostas de um modo adequado para garantir a dignidade de quem trabalha e a segurança do país", disse.

Vasco Malta, chefe da missão da Organização Internacional das Migrações (OIM) em Portugal, alertou para "o suicídio demográfico" que ocorreria se os imigrantes se fossem embora, a par de circunstâncias como as baixas taxas de natalidade, o envelhecimento populacional e a emigração dos mais novos.

"Se não fossem os imigrantes, corríamos o risco de, por volta de 2050, baixarmos para perto dos sete milhões" de habitantes, disse, citando dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Mas esta não seria a única consequência, já que sem os imigrantes e os seus contributos fiscais, o Estado teria de aumentar os impostos para assegurar receita fiscal.

Isso mesmo concluiu um estudo da Nova SBE (School of Business & Economics), segundo o qual "a restrição da imigração levará a um aumento de impostos, deterioração das contas públicas e subsequente impacto na dívida pública, ou uma combinação dos três".

Ana Paula Costa, presidente da Casa do Brasil, lembrou que "a imigração ilegal é má para toda a gente: Para os imigrantes e para a economia, pois quem não está documentado facilmente aceita valores mais baixos", com uma menor contribuição para o Estado.

A investigadora não arrisca um desfecho para a atual situação política, que tem trazido o tema da imigração na ribalta.

Mas acredita que a ligação que tantas vezes é feita entre os imigrantes e a crise que se vive na saúde, na habitação e no Estado social, promoveu "uma rutura do consenso sobre a imigração".

"A polinização e a politização em torno deste fenómeno [imigração] é novo, mas tem de se olhar para ele", disse.

Lucinda Fonseca, especialista em geografia humana e estudos das migrações, duvida que seja o controlo apertado às entradas que travem a imigração.

E recordou que os portugueses continuaram a emigrar "a salto" para França, nos anos 60 e 70 do século passado.

Enquanto houver necessidades do mercado de trabalho, as pessoas continuarão a emigrar, observou, recordando que, no tempo da troika, os imigrantes deixaram Portugal.

Para Lucinda Fonseca, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa, as mentiras associadas aos imigrantes "podem levar à impulsão democrática e a normalização da xenofobia".

A próxima conferência realiza-se a 11 de junho e irá abordar os desafios do emprego.

Leia Também: Egito pede partilha de responsabilidades para enfrentar fluxos migratórios

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