PSD Madeira pode votar contra OE? Montenegro apela a "responsabilidade"

Montenegro reagiu às declarações de Miguel Albuquerque na chegada Congresso do PSD em Braga, que deverá ser o mais participado da última década no partido.

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© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Cátia Carmo
19/10/2024 10:37 ‧ 19/10/2024 por Cátia Carmo

Política

Luís Montenegro

O presidente do PSD, Luís Montenegro, confrontado com  a possibilidade  de o PSD Madeira poder votar contra o Orçamento do Estado, na chegada ao congresso do partido em Braga, apelou ao "sentido de responsabilidade de todos os agentes políticos".

 

"O Orçamento do  Estado é apenas um  instrumento que permite ao  Governo  executar o  seu  programa. O sentido de responsabilidade que todos os  agentes políticos deve ter de imperar, pensando na vida de cada  português, seja ele  residente no Funchal  ou Ponta Delgada", afirmou Montenegro, prometendo "espírito de diálogo" com os governos das regiões autónomas dos Açores e da Madeira sobre o Orçamento do Estado.

"Como sempre, com espírito de diálogo. Fosse o Governo dos Açores e da Madeira por alguém - como é o caso - do meu partido, seja em circunstâncias diferentes em que pudesse ser liderado por outro partido, como acontece com muitos municípios portugueses com os quais estamos a trabalhar diariamente", afirmou Luís Montenegro.

O  primeiro-ministro  destacou também o facto de este congresso, dez anos depois, ter o PSD como "força liderante do  Governo", prometendo "espírito de missão" e destacando que a grande "trave mestra" do OE é ser o primeiro, "desde que há memória", que "não  sobe um único imposto".

Montenegro disse que, neste congresso, pretende tratar do que vai ser o trabalho do PSD para os "próximos dois anos, não apenas para os próximos dois meses".

"E é disso que eu pretendo falar e aproveitar o tempo também para conversar com os meus colegas de partido", afirmou.

Na chegada ao congresso, o líder do PSD Madeira, Miguel Albuquerque, disse não ter feito qualquer "ameaça" concreta, mas afirmou que as suas exigências se tratam de uma "circunstância" e que o Governo tem de "assumir os compromissos com as Regiões Autónomas".

Albuquerque ameaça aprovação do OE e exige

Albuquerque ameaça aprovação do OE e exige "compromisso" com as ilhas

O presidente do Governo Regional da Madeira exigiu hoje um "compromisso claro" do primeiro-ministro no Orçamento do Estado relativamente aos direitos das regiões autónomas, avisando que, caso contrário, os deputados das ilhas votarão contra aquele documento.

Lusa | 10:36 - 19/10/2024

"Entendemos que, contrariamente às expectativas que existiam, as questões que dizem respeito às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira não estão consagradas nesta apresentação inicial do Orçamento do  Estado. Precisamos de um compromisso do primeiro-ministro relativamente à reposição dos valores da justiça e equidade relativamente às regiões", sublinhou Albuquerque.

Convidar Marques Mendes para candidatura à Presidência? "O partido não convida ninguém"

Nestas declarações aos jornalistas, Luís Montenegro foi ainda questionado se, durante o congresso, pretende convidar Luís Marques Mendes para ser candidato à Presidência da República nas eleições de 2026.

"O partido não convida ninguém para ser candidato a presidente. O partido apoia candidaturas que sejam assumidas por personalidades que sentem esse impulso e esse ânimo, essa vontade e essa esperança", disse.

Montenegro disse que o PSD tem tido, "felizmente, pessoas muito habilitadas a poderem corporizar o que é uma análise transversal da sociedade portuguesa, dos desafios do país, para exercer a magistratura da Presidência da República".

"E tem acontecido, aconteceu nos últimos 20 anos, dois militantes do PSD terem assumido essa função e terem feito uma afirmação do exercício das competências da presidência sem nenhum tipo de cariz partidário, as pessoas quase que se esquecem qual é o partido originário do atual e do anterior Presidente da República", disse, salientando que o PSD "continua a ter militantes com essas características".

Questionado se é uma coincidência Marques Mendes vir a este congresso do PSD, Montenegro respondeu: "O doutor Marques Mendes tem estado sempre nos congressos eletivos e, portanto, creio que manterá essa tradição".

O 42.º Congresso do PSD, este sábado, é o primeiro numa década com os sociais-democratas no Governo, o que já não acontecia desde o 35.º, em fevereiro de 2014, no Coliseu dos Recreios.

Talvez por isso, de acordo com informação do PSD, o Congresso de Braga será o mais participado da última década, contando com 903 delegados, 197 participantes, 950 observadores, 145 convidados e mais de 2.000 observadores inscritos.

Luís Montenegro foi eleito pela primeira vez líder do PSD em julho de 2022, e reeleito em setembro passado com 97,45% dos votos, tendo chegado a primeiro-ministro em abril deste ano, na sequência da demissão de António Costa e das legislativas antecipadas, em que a AD (coligação PSD/CDS-PP/PPM) venceu o PS por cerca de 50 mil votos.

O primeiro dia de trabalhos deve terminar com a votação da moção de estratégia global do líder das 12 propostas temáticas, marcada para as 23h00, podendo prosseguir depois a discussão política, se ainda existirem inscritos.

Para domingo, está prevista a eleição dos órgãos Nacionais, por voto secreto, a proclamação de resultados e a sessão de encerramento, com novo discurso de Luís Montenegro, tradicionalmente mais virado para o país.

[Notícia atualizada às 11h41]

Leia Também: Montenegro abre hoje 1.ª reunião magna do PSD como chefe do Governo

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