Começou com o anúncio de Sebastião Bugalho, até então independente, como um dos novos militantes do PSD. Depois, na maior parte do tempo, tanto o primeiro-ministro, Luís Montenegro, como os seus ministros dedicaram-se a traçar as grandes diferenças que separam o Governo da Aliança Democrática (AD) dos anteriores do PS, mas houve ainda tempo para falar do Orçamento do Estado para 2025 e de ‘piscar o olho’ às próximas eleições, autárquicas e presidenciais. Eis os cinco pontos que marcaram o primeiro dia 42.º Congresso do PSD.
Bugalho, o novo “militante”. “Do melhor que tem Portugal”
O líder do PSD começou a primeira intervenção no congresso do partido por anunciar Sebastião Bugalho como novo militante do partido, afirmando que é um jovem “do melhor que tem Portugal”.
Em resposta, o cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) ao Parlamento Europeu em junho explicou que se fez militante do PSD "por gratidão e não ambição" e esclareceu que será "um militante de base".
Sobre se agora como militante a sua liberdade de expressão está condicionada, Bugalho garantiu que não: "É preciso não conhecer o PSD e os militantes do PSD para achar que a sua liberdade fica limitada por serem membros do partido".
PSD afasta-se do PS por “fazer diferente” e “devolver a paz”
Em jeito de retrospetiva da governação e rejeitando as comparações que têm sido feitas com os socialistas, ainda no discurso de abertura do Congresso, Montenegro referiu que o PSD, em seis meses, valorizou "muito quem trabalha no Estado para garantir um serviço útil e competente aos cidadãos" e distancia-se do Partido Socialista por ter "tomado e executado" medidas que "fazem a diferença".
“Quando dizem que somos iguais aos que estiveram antes de nós, lembrem-se que ao serem tomadas e executadas estamos a fazer diferente e a fazer a diferença", ressalvou, referindo o "apoio aos pensionistas" e aos "mais pobres".
Além de Luís Montenegro, foram vários os ministros que se dedicaram a traçar estas diferenças entre os governos da AD e de António Costa. Um dos primeiros foi o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, que comparou o atual Executivo a um TGV e disse que os adversários estão “amargurados e surpreendidos por um Governo que "não está preso a qualquer dogma ideológico".
O vice-presidente do PSD, António Leitão Amaro, afirmou que o atual Executivo se distingue do anterior por ter “contas certas” com respeito “pelos contribuintes” e por governar sem privilegiar setores profissionais ou grupos etários.
Já o ministro dos Assuntos Parlamentares recordou os casos que assolaram o Governo de maioria absoluta de António Costa para concluir que o atual Executivo "devolveu a paz e credibilidade às instituições" e mostrou que "é possível governar bem".
Fechar OE para “pôr economia a crescer”
A aprovação do Orçamento do Estado para 2025 está resolvida e esteve longe de ser um dos temas centrais do primeiro dia do Congresso. No entanto, o ministro da Economia, Pedro Reis, lembrou a importância de fechar “o tempo do OE” para “pôr a economia a crescer”, garantindo que o Governo está "profundamente focado" nesse objetivo.
Na primeira intervenção de um ministro do Governo PSD/CDS-PP no 42.º Congresso do PSD, Pedro Reis sustentou que a economia portuguesa não precisa "de instabilidade" ou de "calendários para votar".
O ministro apontou também como desafios essenciais "ter uma fiscalidade mais competitiva, licenciamento mais ágil e abastecimento energético mais robusto e mais talento".
O risco das autárquicas
O presidente do PSD pediu que o partido se apresente nas autárquicas pondo de lado "interesses ou vaidades pessoais" e com abertura de candidaturas à sociedade, reiterando o objetivo de vencer estas eleições no próximo ano.
Ainda na sua intervenção de abertura do 42.º Congresso Nacional do PSD, Luís Montenegro recordou o que disse ao partido há dois anos, na sua primeira reunião magna como presidente social-democrata, e pediu ao partido que parta para as eleições autárquicas "com este espírito e com esta atitude" que levou o PSD novamente ao Governo.
Já sobre o compromisso que deixou no congresso de 2022, o programa chamado "Sentir Portugal" e que o levou a visitar os 308 municípios do país, o presidente do PSD voltou a salientar a sua importância como uma iniciativa que deu “conhecimento” e “proximidade” ao partido.
Marques Mendes na corrida à Presidência? Resposta só “em 2025”
A presença de Luís Marques Mendes no Congresso do PSD tornou inevitável a questão à volta da hipótese da sua candidatura à Presidência da República. O primeiro a ser confrontado com o tema foi Montenegro, logo à chegada.
Questionado se, durante o congresso, pretendia convidar Luís Marques Mendes para ser candidato à Presidência da República nas eleições de 2026, o primeiro-ministro afirmou que “o partido não convida ninguém para ser candidato a presidente” e que o PSD tem tido, "felizmente, pessoas muito habilitadas a poderem corporizar o que é uma análise transversal da sociedade portuguesa, dos desafios do país, para exercer a magistratura da Presidência da República".
O antigo líder do Partido Social Democrata, por sua vez, rejeitou abordar uma eventual candidatura às eleições presidenciais, tendo dado conta de que falará sobre o tema apenas "em 2025". Marques Mendes ressalvou, contudo, que uma eventual candidatura a Belém se trata de "uma decisão individual".
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