O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, condenou os incidentes violentos que têm ocorrido, nas últimas noites, na zona de Lisboa, e afirmou que a revolta por injustiças "é legítima", mas não "através da violência".
"Merecem a condenação e, obviamente, todo o apoio para que seja reposta a ordem, é fundamental. A expressão dessa revolta é legítima, mas não é útil quando expressa através do incumprimento da lei e da desordem e violência que acaba por ter consequências muito negativas para outros cidadãos inocentes", defendeu o socialista no programa Grande Entrevista, da RTP.
Numa clara referência a André Ventura e ao Chega, Pedro Nuno criticou "um líder político" que "explora estes episódios para benefício político e eleitoral" e reforçou que não se pode "ignorar que existe racismo e violência policial".
"É uma questão de segurança muito importante e não podemos ignorar que as forças de segurança em Portugal trabalham em condições inaceitáveis, mas também não podemos ignorar que existe racismo e violência policial", afirmou o secretário-geral do PS.
Mais polícia nas ruas? Medidas anunciadas pelo Governo são "lista de compras"
Pedro Nuno Santos lembra que, apesar da criminalidade, "Portugal é um dos países mais seguros do mundo" e vê as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, no fim de semana, que prometem trazer mais polícia para as ruas, como "uma lista de compras".
"A questão da segurança e combate à criminalidade é muito importante, mas não devemos apresentar uma perceção errada sobre o nosso país. Alimentar o medo é o pior caminho para defendermos a qualidade da nossa democracia", afirmou.
No entanto, Pedro Nuno quis deixar claro que não está a "equiparar os discursos do primeiro-ministro aos do líder da extrema-direita portuguesa", André Ventura.
"Não o faço, mas é muito importante que quem tem responsabilidades a chefiar um Governo não se concentre apenas no lado da repressão, mas também ter a capacidade de perceber o que acontece na sociedade portuguesa", esclareceu Pedro Nuno.
"Para mim era inaceitável viabilizar o Orçamento sem o conhecer antes"
O socialista considera que a viabilização do Orçamento do Estado para 2025 pelo PS "não demorou mais tempo do que devia" e, na sua opinião, "era inaceitável viabilizar o Orçamento sem o conhecer antes".
"Comuniquei a decisão ao país uma semana depois da entrega do Orçamento. Optámos por negociar e negociar exige tempo. O normal é o principal partido da oposição não viabilizar o Orçamento de quem está a governar, mas nós demos uma oportunidade à negociação. Não é novela nenhuma, é uma negociação", disse o secretário-geral do PS.
Questionado também sobre se as declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acabaram por influenciar a sua posição, Pedro Nuno admitiu que "as posições dos diferentes intervenientes políticos são importantes".
"O PS é um partido institucional, que respeita as instituições democráticas. Nunca apoiei o Presidente da República, nem da primeira nem da segunda vez, mas não ignoramos o que diz", acrescentou.
Polémica com Rangel é "caso de Estado" e deve ser clarificado
O secretário-geral do PS considerou ainda que a polémica envolvendo o ministro dos Negócios Estrangeiros e as chefias militares é um "caso de Estado", salientando que "tem de ser clarificado o quanto antes" para preservar as instituições.
Leia Também: OE2025. Viabilização do PS pela abstenção aprovada por unanimidade