BE critica meios para "caça às perceções" e Livre lamenta "desrespeito"

O BE acusou hoje o Governo de usar meios do Estado para uma "caça às perceções" de insegurança e o Livre lamentou que o primeiro-ministro tenha feito uma "operação de propaganda" na qual usou os "polícias como adereços".

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Lusa
28/11/2024 13:14 ‧ há 10 horas por Lusa

Política

Parlamento

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, salientou que as 20h00 é normalmente a hora utilizada pelos responsáveis políticos para comunicar matérias importantes ao país.

 

"E o primeiro-ministro, Luís Montenegro, convoca uma conferência de imprensa em horário nobre para anunciar meios que já estavam contratados para resolver um problema que o próprio diz que não existe na sua declaração que faz ao país às oito da noite. Isto seria caricato. E é. Não fosse ser também grave", criticou Mariana Mortágua.

Na opinião da bloquista, "o primeiro-ministro está ativamente a contribuir para aumentar a perceção de insegurança que o próprio diz querer combater".

"É uma caça às perceções. É pior que uma caça aos gambuzinhos. E é ainda mais grave porque o primeiro-ministro está a mobilizar meios do Estado na sua caça às perceções", acusou.

Mariana Mortágua criticou ainda o líder do executivo minoritário PSD/CDS-PP de ter anunciado resultados de uma investigação que "cabe à PSP e à PJ", e que envolve várias entidades estatais como a Segurança Social, a Autoridade Tributária ou a ASAE.

"Meios do Estado que o Governo está a alocar, não com critérios legais, criminais, decididos pelas hierarquias, pelas direções de cada uma destas instituições, mas que o Governo está a usar para fazer números políticos", criticou, acusando o executivo de desrespeito por estas entidades estatais.

A coordenadora bloquista acusou ainda Luís Montenegro de se estar a "substituir à hierarquia e aos critérios do Estado".

"Não há memória, ou eu não a tenho, de um primeiro-ministro anunciar o resultado de investigações da Polícia Judiciária e da PSP, da mesma maneira que não há memória de operações policiais desta envergadura que têm sido anunciadas pelo Governo, serem determinadas por uma vontade política para caçar perceções, e não pelos critérios criminais, técnicos, das próprias hierarquias", criticou.

Mortágua considerou estar em causa "uma desvalorização do Estado".

"Estão a brincar com o Estado, estão a brincar com todos nós e, tristemente, a aumentar a sensação de insegurança que dizem que existe e que não tem fundamento factual", salientou, lamentando que exista uma "agenda política que valida o discurso da extrema-direita".

Também o porta-voz do Livre Rui Tavares acusou o Governo de ter feito uma "operação de propaganda" na qual utilizou "as polícias como adereços" e criticou a forma como o líder do executivo se dirigiu ao país.

"Um primeiro-ministro que não tem cuidado com essa forma de fazer uma comunicação ao país está a desvalorizar o seu cargo, a desvalorizar a própria comunicação ao país e também ao usar as policias como adereços está a demonstrar falta de respeito pelas polícias porque, no fundo, as está a utilizar na política do correr atrás do prejuízo em relação aos votos que o PSD perdeu para a extrema-direita", criticou.

Rui Tavares alertou que noutros países os partidos do centro-direita "quando correm atrás dos temas da extrema-direita em geral são esvaziados por dentro, porque as pessoas acabam a preferir o original à cópia".

O deputado do Livre desafiou o primeiro-ministro a "encontrar novos temas" e "pôr o país a ter objetivos novos" e desta forma "talvez consiga durante uns dias falar de qualquer coisa que não tenha sido a extrema-direita a inventar".

[Notícia atualizada às 13h32]

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