O antigo secretário-geral socialista António José Seguro sublinhou que "não pode haver um Presidente que um mês diz uma coisa, no outro mês faz uma coisa completamente diferente daquilo que disse", em virtude da decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de vetar a desagregação de freguesias.
"No mês passado, o Presidente disse que não ia vetar, agora vetou. Depois diz que vetou apenas porque não havia tempo para aplicar esta desagregação e a criação de novas freguesias uma vez que há eleições Autárquicas. Mas na carta que envia à Assembleia, justificando esse veto, diz isso, mas diz mais duas [razões] que já se verificavam quando ele anunciou em janeiro que não iria vetar esta lei", acusou, esta quinta-feira, no seu espaço semanal de comentário na CNN Portugal.
Seguro acrescentou que a decisão do Presidente da República "não gera confiança entre as pessoas" e que Marcelo "andou mal neste aspeto, aliás a ANAFRE - a Associação Nacional de Freguesias - veio exatamente colocar o dedo na ferida e, portanto, nós temos aqui necessidade de reconciliar e de dar contributos para que as pessoas voltem a confiar nas instituições".
Na opinião do antigo líder do PS, "aquilo que os democratas têm que fazer neste momento - que é momento difícil - onde há já situações de podridão dentro do regime é cuidarmos dele, no sentido de exigirmos a quem tem responsabilidades neste momento na vida pública do país de darem o exemplo para reconciliarem os cidadãos com as nossas instituições".
Seguro apontou ainda que "a nossa democracia está muito fragilizada" e apelou aos cidadãos que façam escolhas "em próximas eleições, designadamente já nas Autárquicas" em função "da exigência ética", acima de tudo "quando estão em causa casos de corrupção".
Recorde-se que Marcelo Rebelo de Sousa devolveu à Assembleia da República, na quarta-feira, o diploma que procedia à desagregação de 135 uniões de freguesias, repondo 302 destas autarquias locais.
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