O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, considera que a polémica com a imobiliária da família do primeiro-ministro, Luís Montenegro, não se trata de um caso de imprudência como o que levou à demissão do secretário de Estado da Administração Local, Hêrnani Dias. É algo que "pode acontecer a qualquer um", uma ver que "qualquer português", pode comprar um terreno rústico.
"Depois, esse terreno rústico tem de ser objeto de uma deliberação da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal nos termos da lei dos solos. Isso pode acontecer comigo ou consigo. Não é por ter uma empresa – que não tem – que se considerava alguma incompatibilidade. Qualquer cidadão, individualmente considerado, pode comprar um terreno e pedir à Câmara Municipal, nos termos da lei dos solos, que depois é objeto de todo este escrutínio", explicou Hugo Soares na CNN Portugal.
Apesar de admitir que a empresa da família de Montenegro tem, como objeto social, a possibilidade de se destinar à compra e venda de imóveis, Hugo Soares voltou a defender que não se trata de uma imobiliária. Para isso teria de ter "regras próprias".
"É uma consultora que tem, no objeto social, a possibilidade de fazer negócios do ponto de vista da compra e venda de imóveis. Esta empresa não é nova, está no registo de interesses do primeiro-ministro. Quantos imóveis tem a empresa em causa desde que o primeiro-ministro foi eleito ou até desde a fundação dessa empresa? Zero", afirmou o líder parlamentar do PSD.
Confrontado com as declarações do líder do Chega, André Ventura, que também insistiu na existência da empresa como imobiliária, Hugo Soares disse que o deputado "é um aldrabão".
"Não há uma propriedade, terreno, prédio ou imóvel nessa empresa. Se o deputado André Ventura disse isso é um aldrabão, o que também não é novidade nenhuma. O primeiro-ministro escreveu, está nas páginas do jornal que levantou esta questão. Qual é a dúvida?", questionou.
Por fim, o social-democrata afirmou não saber "se os portugueses querem que o próximo primeiro-ministro de Portugal seja apenas um político de carreira”.
"Ou querem alguém que tenha vida própria, que tenha pagado salários, que tenha recebido do seu trabalho. É disso que estamos a falar, haja decoro", acrescentou Hugo Soares.
No sábado, dia em que saiu a notícia do Correio da Manhã sobre a imobiliária da família de Montenegro, o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, garantiu que a "família" não tinha “nenhuma imobiliária", acrescentado que a "notícia é falsa".
Recorde-se que, segundo avançou este sábado o jornal, a mulher e os dois filhos do primeiro-ministro têm uma empresa de compra e venda de imóveis, indicando que os três são sócios na Spinumviva, de que Montenegro foi fundador e gerente.
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