O deputado Chega Rui Afonso, num pedido de esclarecimento ao Governo no debate da moção de censura apresentada pelo seu partido, no parlamento, desafiou o Governo a apresentar uma moção de confiança, depois de Pedro Nuno Santos ter dito que a chumbaria - um apelo a que Montenegro não respondeu, optando por criticar os deputados do Chega que já pertenceram ao PSD e que se juntaram às críticas ao Governo no mesmo debate.
Montenegro pediu, em resposta aos pedidos de esclarecimento de Rui Cristina e Eduardo Teixeira, deputados do Chega que já pertenceram à bancada PSD, elevação e argumentos no combate político, apelando a que "não façam figuras" e afirmando que "não fica bem".
Sobre Rui Cristina, Montenegro disse que se "tivesse ficado um bocadinho acima na proposta de lista que o PSD formulou para as últimas eleições", o deputado do Chega estaria hoje a "defender estas nomeações com unhas e dentes" - referindo a intervenção de Rui Cristina que pediu ao primeiro-ministro que "parasse com nomeações de cartão partidário laranja" na saúde - com o deputado Eduardo Teixeira "ao lado".
Montenegro acrescentou que se se tivesse candidatado à liderança do PSD nas eleições internas de 2019, o presidente do Chega, André Ventura, "ainda estava no PSD".
"E aí, o que se diria dos quarenta e nove anos anteriores, ou dos quarenta e três ou quarenta e quatro anos anteriores?", atirou.
Antes, PS e Chega insistiram em questionar sobre os clientes da empresa familiar de Luís Montenegro, com o socialista André Pinotes Batista a afirmar que o primeiro-ministro teve tempo para esvaziar mais cedo a questão por trás da moção de censura apresentada pelo Chega e defendendo que sem serem conhecidos os clientes as bancadas não podem inquirir, depois de ter dito já que o grupo de 'media' Medialivre foi um dos clientes.
Rui Afonso, do Chega, questionou o líder do Governo sobre os motivos por trás da inclusão de negócios na área de consultoria no Código de Atividades da Empresa, também o nome de clientes, quem são os funcionários.
Montenegro insistiu que não pode revelar o nome dos clientes e, em resposta a André Pinotes Batista, disse não ter exposto o nome da Medialivre publicamente, tendo apenas referido essa questão em resposta ao Correio da Manhã e o próprio jornal (que pertence à Medialivre) optado por divulgar.
Depois de enumerar vários dos terrenos rústicos que possui, o primeiro-ministro afirmou ainda, com ironia, na direção da bancada parlamentar do Chega que lhe cederia uma das suas propriedades se conseguisse demonstrar que aqueles terrenos beneficiariam da alteração à lei.
O primeiro-ministro explicou ainda que os dividendos da empresa não foram redistribuídos por que ficaram retidos para serem investidos, e acrescentou ainda que, se fossem conhecidos os clientes da empresa, podia-se até perceber que "o preço dos serviços fica muito em conta".
Após a intervenção do chefe do Governo, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, pediu interpelou a mesa para sublinhar que os antigos sociais-democratas na bancada do Chega têm foram eleitos pelo povo português, "têm toda a legitimidade e merecem todo o respeito" do parlamento.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, pediu então também a palavra para dizer ao deputado Rui Cristina - que acusou o primeiro-ministro de recorrer a argumentos 'ad hominen' - que resumiu bem o debate "quando disse que quando não há argumentos, ataca-se o homem".
[Notícia atualizada às 18h30]
Leia Também: "Chega já não tem Miguel Arruda e PSD continua a ter Miguel Albuquerque"