O Almirante Gouveia e Melo 'desvalorizou' o tema das Presidenciais, numa altura em que o país atravessa uma crise política - sendo este o tema para o qual o antigo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas disse que se deveria olhar.
Questionado sobre o impacto desta crise política para eventuais 'ganhos' no terreno em relação a candidatos apoiados por partidos políticos, Gouveia e Melo negou que quisesse, de qualquer forma, "aproveitar uma crise política". "As crises políticas são sempre más para todos [...]. Esse terreno é negativo porque nos prejudica. Nós, portugueses, estamos ansiosos em ter estabilidade, [e em ter] um Governo credível e que faça a sua função bem feita. Agora estamos concentrados nesse futuro e é nesse futuro que nos devemos concentrar sem distrações neste momento", afirmou aos jornalistas, no Porto.
À saída de uma conferência, Gouveia e Melo foi também confrontado com a possibilidade de vir a ter o apoio do líder do Chega, André Ventura. "Não preciso, nem desejo, apoios de nenhuma área política. Neste momento, sou um cidadão que está a intervir na vida pública. Estive 45 anos limitado nessa intervenção. Enquanto os portugueses me derem essa atenção e desejarem saber qual é a minha visão e o que é que eu penso ou não sobre determinados assuntos, terei muito gosto em partilhar essa visão. Acho que, para bem do debate democrático, têm de partilhar as suas visões. É importante", explicou.
Por agora "um cidadão", mas e uma futura candidatura?
Gouveia e Melo foi também questionado sobre se esta crise 'mexeu' com o seu calendário, e apontou que a "o que é importante é fixarmo-nos num futuro imediato". Mas também em relação ao registo da sua marca o Almirante foi questionado, nomeadamente, em relação a se este passo não poderia ser visto como uma oficialização de candidatura.
"O registo da marca é um registo que defende uma marca. Já no passado, houve uma tentativa de usar uma marca sem a minha autorização. Este registo defende essa marca para o futuro. Não significa que esse futuro se vá materializar hoje, amanhã ou depois de amanhã", detalhou.
O "cidadão" Gouveia e Melo assistiu ao debate "com apreensão"
Como cidadão, Gouveia e Melo foi também questionado sobre como viu o debate que fez Governo cair, respondendo que assistiu ao momento "como todos os outros portugueses: com alguma apreensão e na esperança de que se olhe para um futuro, que é o nosso". Sublinhando que o futuro "está em jogo" e que há que encontrar soluções, o Almirante disse ainda que é preciso repensar alguns debates e comportamentos. "É o nosso futuro que está em causa", afirmou.
Questionando ainda sobre se haverá condições para, pós-eleições, Partido Social Democrata e Partido Socialista falarem, foi assertivo: "Não só há condições, como parece que vão ter de falar após o ato eleitoral. Há uma observação relativamente simples. Isto, observando as eleições até agora. Os extremos, todos juntos, não passam de 20%. Portanto, 80% da população, quer soluções ao centro. E essas soluções devem aparecer. E devem ser esses partidos, entre eles, fazer o que a população deseja".
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