O ex-ministro do PSD Ângelo Correia considera que só é possível combater o Chega colocando-o na "órbita do poder" e normalizando-o, mas admite que pode ser "tarde".
"Eles são anti-sistema. Então vão para o poder para verem como vão mudar ou sofrer as consequências de isso ser o poder. Normalizar o Chega é combatê-lo. O tempo não dá expectativas positivas. Governar bem hoje em dia para Portugal não é agradar aos portugueses, às vezes não resolve. Às vezes tem de se agradar explicando porquê, dando melhores salários, estatuto de vida e condição social, mas acho que é tarde. Era há um ano", afirmou Ângelo Correia, em entrevista à SIC Notícias.
O social-democrata reconhece que estas eleições deram à AD um "resultado melhor do que estava", mas continua a ser "insuficiente" para que a coligação se torne numa "potência política com maior capacidade".
"Isso depende da maioria que não tem e vai ser obrigada a negociar. O discurso do primeiro-ministro no dia da vitória não era bem este, mas de todos vamos estar unidos, todos temos uma obrigação e nós temos mais ainda porque somos legitimados pelo povo e os outros devem compreender essa realidade. Se o primeiro-ministro está a pensar que os partidos políticos vão, pura e simplesmente por patriotismo, abdicar do seu contrato eleitoral com o povo, está enganado. Podem negociar? Uns sim, outros não", acrescentou o antigo ministro.
A AD venceu as eleições legislativas de domingo, com 89 deputados, enquanto PS e Chega empataram no número de eleitos para o parlamento, com 58 cada.
A Iniciativa Liberal continua a ser a quarta força política, com mais um deputado (9) do que em 2024, e o quinto lugar é do Livre, que passou de quatro a seis eleitos. A CDU perdeu um eleito e ficou com três parlamentares, enquanto o Bloco de Esquerda está reduzido a uma representante, tal como o PAN que manteve um deputado. O JPP, da Madeira, conseguiu eleger um deputado.
Estes resultados não incluem ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidas a 28 de maio.
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