O presidente do Chega anunciou, esta terça-feira, que não vai apoiar a moção de rejeição do programa do Governo que o PCP irá apresentar. Em entrevista à SIC e SIC Notícias, André Ventura garantiu estar focado em ser "oposição responsável" e construir um "governo-sombra de qualidade".
Apesar disso, recusou adiantar nomes desse governo-sombra, preferindo esperar pelos resultados da contagem dos votos da emigração, para perceber se o Chega se consolida, de facto, como a segunda maior força política nestas eleições.
Ainda assim - e porque deseja que esse governo-sombra seja "escrutinado" - André Ventura promete anunciá-lo mais tarde e garante que ele poderá incluir personalidades independentes, nomeadamente "académicos, pessoas de fora, mesmo que não sejam do Chega" e "mesmo que já tenham criticado o Chega no passado".
E justifica: "É tempo de um primeiro-ministro dar mostras de que não está agarrado nem ao partido nem aos interesses do aparelho politico-partidário [...]. Para dar às pessoas um governo que sintam, talvez pela primeira vez, que não é feito pelos 'boys' do aparelho - pelos 'Medinas', pelos 'Carneiros', mas por pessoas de valor independentes".
Mais de 296 mil votos dos portugueses residentes no estrangeiro chegaram a Lisboa até segunda-feira, segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), onde hoje começou a contagem dos votos. Estes votos decidirão se é o PS ou o Chega a ficar em segundo lugar nestas eleições.
Nesta entrevista, o presidente do Chega mostrou-se confiante nos resultados, esperando que estes o confirmem como "líder da oposição e segunda força política", mas promete ser uma "oposição responsável" e afasta uma nova crise.
"Eu não quero ser um líder irresponsável, e portanto não, nós não vamos votar favoravelmente a moção de rejeição do PCP, nós não vamos pôr o país noutra crise política, o país está farto de crises políticas, o país agora precisa de estabilidade", assumiu.
Ventura admite querer influenciar os destinos do país, mas considera que deve interpretar os resultados: "Quando se é a segunda força política, o que os portugueses estão a pedir é que seja uma alternativa, não uma muleta".
"Isso não significa que o Chega vá nem inviabilizar tudo, nem viabilizar tudo", explicou. "Onde os diplomas forem bons, devemos aprovar, onde os diplomas forem maus devemos criticar."
Marques Mendes? "Representa o pior que o sistema tem"
Sobre as presidenciais, André Ventura garantiu que, enquanto for presidente do Chega, nunca apoiará Luís Marques Mendes na corrida a Belém. Na sua ótica, o antigo comentador "representa o pior que o sistema tem em termos de aparelhismo, carreirismo e em termos de ligações ao sistema central de interesses".
"Quero um candidato que seja forte, independente, que esteja acima dos interesses partidários", enumerou Ventura.
O líder do Chega não descartou vir a apoiar Gouveia e Melo, mas avisou que o nome que apoiar "tem de ser um nome de luta contra a corrupção, contra o sistema de interesses instalado, contra esta imigração descontrolada e ser capaz de atacar o sistema de interesses central entre PS e PSD".
"É menos provável agora que me candidate. O Chega tem quadros, tem pessoas... Também vamos ver quem avança, porque as presidenciais são uma candidatura pessoal. Vamos ver, ainda falta algum tempo até lá", afirmou.
Leia Também: Ventura desafia Montenegro a fazer "corte com PS"