Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Paulo Raimundo disse estar a ver "sinais que não são propriamente muito positivos" neste início de legislatura, designadamente o facto de alguns partidos estarem a "dar a mão à direita e outros, com o facto de uns darem a mão, se verem livres da responsabilidade que têm de assumir".
Questionado se se estava a referir ao PS quando fala em partidos que "dão a mão à direita", disse que, da mesma maneira que o PCP foi acusado de "apresentar uma moção de rejeição a um programa que não conhece, houve outros que decidiram dar a mão a um programa que ainda não conhecem".
"Nesse caso, foi o PS. [É uma postura] que tem, mais uma vez, pelo segundo ano consecutivo, a mesma consequência que é entregar-se nas mãos do PSD e do Governo, entregar-se nas mãos dessa política e, simultaneamente, libertar o Chega de assumir as suas responsabilidades", criticou.
Paulo Raimundo frisou que essa é "exatamente a estratégia que foi seguida desde o ano passado" e "há muitos anos a esta parte" e considerou que "as consequências estão à vista".
"É uma opção errada e, portanto, o PS vai ter de assumir as suas responsabilidades também", frisou.
O secretário-geral do PCP referia-se ao facto de tanto o presidente do PS, Carlos César, como o candidato à liderança do partido, José Luís Carneiro, já terem indicado que tencionam viabilizar o programa do Governo da AD.
Sobre a moção de rejeição ao programa do Governo já anunciada pelo PCP, Paulo Raimundo reiterou que o seu partido não tem "nenhuma ilusão do que é que aí vem", antecipando que o executivo vai acentuar a política que implementou no último ano.
"Aquilo que nós temos de perguntar é se, independentemente do número de deputados que temos, uma política errada, que não corresponde nem à necessidade das pessoas nem do país, pode passar em claro na primeira oportunidade no confronto do parlamento", referiu.
O secretário-geral do PCP garantiu que, com o seu partido, "essas opções não passam em claro" e, por isso, tenciona "obrigar a que todos se pronunciem e se clarifiquem face a essa política".
"Nós temos de dar combate e travar essa política dentro do possível. E é bom que cada um se clarifique. Não vale a pena nós pensarmos que é depois das mãos postas no dinheiro da Segurança Social que se vai lá recuperar esse problema, não é depois do desmantelamento total do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que se vai lá recuperar esse problema, que vamos chorar... É agora que é preciso travar e que cada um clarifique ao que vem", referiu.
Sobre as prioridades do partido para esta legislatura, Paulo Raimundo defendeu que é preciso intervir sobre os salários, as pensões, o acesso à habitação, o SNS, pela paz ou reconhecer o Estado da Palestina.
"Nós dissemos durante a campanha eleitoral que aquilo que importa é a vida das pessoas. Ora, se importa a vida das pessoas, é sobre as questões das pessoas que é preciso atuar e é esse o nosso compromisso", disse.
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