"O professor Mário Centeno é provavelmente das pessoas mais qualificadas em Portugal e seria necessária muita justificação, ou uma justificação muito plausível, para a sua não recondução", afirmou o deputado do PS António Mendonça Mendes em declarações à agência Lusa.
Mendonça Mendes considerou que Mário Centeno -- que, antes de ser nomeado governador do Banco de Portugal (BdP), em 2020, foi ministro das Finanças do PS -- é "uma pessoa reconhecida pelos portugueses, e em particular pelo setor que supervisiona, como alguém muito competente, muito rigoroso e muito independente na sua função".
"E, por isso, o professor Mário Centeno é alguém que não esconde aquilo que é o seu pensamento, mas nunca, em nenhuma circunstância, exerce o seu mandato para além daquilo que é a sua obrigação", afirmou.
O deputado do PS, que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais em três governos, dois dos quais integrados por Mário Centeno, reagiu ainda às declarações do líder do Chega, André Ventura, que, esta sexta-feira, pediu a audição na Assembleia da República do governador do BdP, acusando-o de ter guardado as previsões económicas para depois das eleições com o intuito de favorecer o Governo da AD, o que Mendonça Mendes considerou ignorância.
"A ignorância é muito atrevida", considerou o deputado do PS, que salientou que o BdP é uma "entidade independente e muito respeitada", que, em 2023, 2024 e 2025, publicou sempre o seu Boletim Económico em março, junho, outubro e dezembro.
"O Banco de Portugal divulga o seu Boletim Económico nas datas que estão previamente definidas. Portanto, quem desconhece isso, naturalmente que depois se atreve a dizer coisas que não correspondem à verdade", criticou.
O mandato de Mário Centeno à frente do BdP termina em 20 de julho e o governador já se mostrou disponível para continuar, mas a decisão está agora nas mãos do Governo da AD.
Esta sexta-feira, na conferência de imprensa em que apresentou o Boletim Económico de junho, Mário Centeno disse estar "sempre disponível para o país", quando questionado sobre o seu futuro após o final do mandato enquanto governador do BdP.
"Eu tenho um mandato para cumprir, diria cumprido, estarei sempre disponível para o país, seja no Governo, seja no BdP, seja numa universidade a fazer o que gosto mais que é falar", disse o governador do BdP, quando questionado sobre o seu futuro, na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de junho.
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