A antiga eurodeputada Ana Gomes comentou, na terça-feira, a atualidade política nacional, do episódio em que o candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo foi insultado à importância da colaboração com um governo minoritário.
Ainda com o tema da reforma do Estado em cima da mesa - que a semana passada 'ganhou vida' com um novo ministério -, Ana Gomes considerou: "O Estado para se reformar tem que se fortalecer naquilo em que nós precisamos do Estado. Há muitas matérias. Uma das que vai ser da maior importância no curto prazo é dos investimentos na Defesa."
Na SIC Notícias, a socialista foi também questionada acerca de eventuais pactos do Partido Social Democrata com o Partido Socialista (PS), para os quais José Luís Carneiro, candidato à liderança dos socialistas, já mostrou disponibilidade.
"É uma forma de permitir a governação do país. Não há reforma nenhuma do Estado - por mais prioritária que se diga - se se tem um governo minoritário e se não é possível fazer-se entendimentos com outros partidos", defendeu, apontando que os pactos propostos "são do interesse de todo o país e bastante consensuais", dirigindo-se, nomeadamente, à Defesa.
"É uma área onde tem haver consenso nos mecanismo de controlo, na transparência. É uma área que sabemos que no passado foi vitima de tremenda corrupção. Todos nos fomos vítimas. Isso não pode voltar a acontecer com os investimentos necessários para a Defesa", afirmou.
Da "polarização" aos insultos a Gouveia e Melo
Ana Gomes apontou ainda que é precisa uma estratégia de reindustrialização do Estado português, mas também uma estratégia de desenvolvimento económico, na qual é preciso "criar riqueza, mas também destruí-la."
A socialista relembrou o discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apontando que este referiu que é preciso cuidar do país - dada a situação polarizada.
E, depois, exemplificou: "Como inclusivamente vimos hoje, na cerimónia em que o Almirante Gouveia e Melo quis ir buscar lã e, aparentemente, saiu tosquiado com os insultos dos infiltrados entre os veteranos, certamente gente ligada à extrema-direita. Essa polarização que o episódio revela é também o resultado de não se ter cuidado não apenas da geração de riqueza, mas da distribuição com justiça da riqueza."
Henrique Gouveia e Melo participou numa cerimónia do 10 de Junho de homenagem aos ex-combatentes, na qual ouviu gritos de traição e insultos racistas devido à presença do imã de Lisboa.
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