As observações do telescópio espacial Euclides, cujos resultados são descritos em 34 artigos científicos publicados hoje, permitiram detetar "30 milhões de objetos celestes", a descoberta de lentes gravitacionais, a exploração de enxames de galáxias e a caracterização de núcleos galácticos ativos.
"O Euclides mostra-se mais uma vez como a máquina de descoberta definitiva. Está a investigar galáxias à escala mais grandiosa, permitindo-nos explorar a nossa história cósmica e as forças invisíveis que moldam o nosso Universo", afirma a diretora de Ciência da ESA, Carole Mundell, citada num comunicado da agência.
Segundo cientistas do português Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), envolvido no planeamento das cerca de 50 mil observações de galáxias que o telescópio vai fazer ao longo da sua missão de seis anos, foram obtidos "múltiplos resultados científicos entusiasmantes".
O Euclides explorou três áreas no céu que deverão ser alvo de observações mais profundas durante a sua missão, e "em apenas uma semana de observações, com uma varredura de cada região, (...) avistou 26 milhões de galáxias", algumas a até 10,5 mil milhões de anos-luz de distância.
O telescópio observou 63 graus quadrados do céu, o equivalente a mais de 300 vezes a área da Lua cheia, numa "impressionante antevisão" da escala do grande mapa cósmico que resultará da conclusão da missão, que cobrirá "um terço de todo o céu -- 14.000 graus quadrados -- com detalhes de alta qualidade".
"Embora seja um primeiro vislumbre do rastreio total, estes 0,45% são já a maior área contígua do céu jamais observada com um telescópio espacial no domínio do óptico/infravermelho próximo", refere Ismael Tereno, investigador do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e líder da equipa do Consórcio Euclides de apoio às operações de rastreio, citado num comunicado do Instituto.
Segundo Valeria Pettorino, cientista do projeto Euclides na ESA, cada campo profundo será observado "entre 30 e 52 vezes ao longo da missão de seis anos" do telescópio, enviado para o espaço em julho de 2023 com tecnologia portuguesa a bordo.
Espera-se que o Euclides capte imagens de mais de 1,5 mil milhões de galáxias durante aquele período, enviando cerca de 100 gigabytes de dados todos os dias.
"O Euclides está a cobrir muito rapidamente áreas cada vez maiores do céu graças às suas capacidades de levantamento sem precedentes", afirma Pierre Ferruit, gestor da missão Euclides na ESA, também citado no comunicado.
"Este lançamento de dados destaca o incrível potencial que temos ao combinar os pontos fortes do Euclides, da IA (inteligência artificial), da ciência cidadã e dos especialistas num único motor de descoberta que será essencial para lidar" com o extenso volume de informação fornecida pelo telescópio, acrescenta.
Empresas portuguesas produziram diversos componentes do telescópio e Portugal ocupa, pela primeira vez, um lugar de destaque numa missão espacial da ESA ao fazer parte de um consórcio que foi criado para desenvolver, construir e explorar o telescópio.
Euclides é o nome do matemático da Grécia antiga considerado o "pai" da Geometria que a ESA quis homenagear.
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