Acesso às tecnologias não chega para melhorar desempenho dos alunos

Garantir o acesso dos jovens a computador e internet não chega para melhorar o desempenho académico dos alunos, segundo um estudo divulgado hoje que sugere que a forma como utilizam as tecnologias digitais é mais determinante no sucesso escolar.

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Lusa
25/03/2025 14:50 ‧ ontem por Lusa

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Aprendizagem

A conclusão resulta de um estudo realizado por investigadores da Information Management School da Universidade Nova de Lisboa (NOVA IMS), publicado na revista científica Emerging Science Journal, que analisou dados de 38 mil alunos que em 2021/2022 realizaram os exames nacionais de Português e Matemática.

 

Naquele ano letivo, a esmagadora maioria dos alunos já tinha acesso a um computador pessoal e a Internet, no âmbito de medidas de resposta à pandemia da covid-19, mas os resultados nos exames nacionais não refletiram melhorias decorrentes desse contacto com as tecnologias digitais.

"Fatores como a literacia e competências digitais, tipo de utilização e interesse podem ser mais relevantes para compreender as diferenças no desempenho académico", refere o estudo, sublinhando que as conclusões contrariam a ligação frequentemente apontada entre o sucesso escolar e o acesso às tecnologias digitais.

"O desafio agora passa por investir na literacia digital e na integração pedagógica eficaz dos meios tecnológicos", defende um dos autores, Frederico Cruz Jesus, citado em comunicado.

Outro dos fatores analisados é o estatuto socioeconómico que, de acordo com as conclusões, não impacta todos os estudantes da mesma forma.

 "Ao contrário do que acontece nos centros urbanos, onde a condição económica influencia fortemente os resultados escolares, nas zonas rurais o impacto é menos evidente", refere o investigador e professor na NOVA IMS.

Em comparação, a probabilidade de provirem de contextos socioeconómicos desfavorecidos e de os pais terem níveis de escolaridade mais baixos é maior entre os alunos das zonas rurais, que no acesso ao ensino superior também enfrentam mais desafios porque serem deslocados.

Ainda assim, o impacto negativo do seu contexto socioeconómico não é tão evidente, o que para Frederico Cruz Jesus indica que "a falta de acesso a recursos financeiros pode ser, em parte, compensada por fatores sociais e culturais, como a envolvência da comunidade e o apoio das famílias.

Transversal, por outro lado, é o impacto da escolaridade dos encarregados de educação e o estudo confirma que os alunos cujos pais têm cursos superiores alcançam resultados significativamente superiores.

"Pais com formação académica tendem a ter e a comunicar expectativas mais altas para os seus filhos, motivando os alunos a ter uma maior autorregulação e objetivos académicos mais altos", justificam os autores.

Por isso, os investigadores da NOVA IMS defendem a necessidade de políticas que promovam o envolvimento dos encarregados de educação no percurso educativo dos estudantes.

"Os objetivos educacionais dos adolescentes são moldados pelas suas perceções de família e comunidade, traduzindo-se em comportamentos reais", lê-se no estudo, que refere, por exemplo, em relação às diferenças observadas entre os alunos dos centros urbanos e de zonas rurais, que o forte apoio comunitário nas áreas rurais ajuda a impulsionar as aspirações dos estudantes de forma positiva.

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