Em entrevista à agência Lusa, o ainda presidente da Associação de Futebol do Algarve preferiu não apontar um montante, até porque "o mercado é que decide", e que pretende "o maior valor possível, o maior bolo possível", para, depois, ser mais fácil chegar a acordo com os clubes.
"Eu acho que o grande desafio é este, é nós conseguirmos, bem rotulado o produto, irmos tentar o máximo possível lá fora. E digo lá fora, porque hoje o contributo da parte internacional para o valor do total, do montante da venda dos direitos televisivos é muito precário, ou seja, é diminuto, e temos de conseguir, em conjunto com outras Ligas, em conjunto com outras parcerias, tudo fazer para aumentarmos o 'bolo'", assumiu.
Reinaldo Teixeira, de 61 anos, que preside à Associação de Futebol do Algarve desde 2019, alertou para situações de outras Ligas, como a francesa, que está em risco de perder o acordo de transmissões televisivas, e disse que "não é sério" falar já dos 300 milhões de euros apontados pela direção anterior, mas apenas do "compromisso, claro, de terreno, de trabalho, nacional e internacional, para conseguirmos aumentar o 'bolo'".
O candidato lembrou que a centralização dos direitos desportivos é um decreto-lei e que até junho de 2026 terá de ser apresentado um projeto à Autoridade da Concorrência, pelo que, nesta fase, o importante é conseguir "as sociedades desportivas aceitem um critério e uma chave de distribuição do montante".
Nas reuniões que tem tido com os clubes das duas ligas profissionais, Reinaldo Teixeira não tem sentido "relutância", nem do Benfica, que, por diversas vezes, manifestou preocupação em perder verbas dos direitos audiovisuais, numa altura em que transmite os seus jogos em casa no seu próprio canal televisivo.
"Mas alguém quer perder? Não, nem nós devemos dizer isso. Agora vamos tentar que o mercado se pronuncie, e que nós sejamos capazes de conseguir ir ao mercado nacional e internacional para conseguirmos o melhor valor possível pelas nossas competições", referiu Reinaldo Teixeira, que aposta igualmente nas plataformas de streaming para chegar a "um valor superior".
Reinaldo Teixeira admitiu o peso dos três 'grandes' nesta negociação, mas acredita que Benfica, Sporting e FC Porto "têm a noção clara que não jogam sozinhos" e que os clubes lusos vão ser "tão mais competitivos na Europa, quanto mais forem competitivos dentro da Liga", sentindo "um compromisso de todas as sociedades desportivas" para "o grande desafio" de encurtar diferenças para as principais Ligas.
"É natural que todos queiram receber mais, é legítimo, todos nós na vida queremos isso, e, enquanto presidente da Liga, que espero ser a partir de dia 11, com a minha equipa, o que nos compete é tudo fazer para que o bolo seja o maior, e acredito que as sociedades desportivas tenham consciência clara de que se não fizermos dentro de casa, alguém fará", alertou.
Uma das lutas do antigo presidente da LPFP, Pedro Proença, era a do IVA no preço dos bilhetes, que é de 23%, ao contrário dos ingressos para outro tipo de espetáculos, que é apenas de 6%, algo que Reinaldo Teixeira acredita que possa alterar, pois "é uma questão de justiça".
"O futebol é um espetáculo, enquanto espetáculo deve ser visto como tal", considerou Reinaldo Teixeira, que acredita que seria "pôr no lugar aquilo que deve ser reposto", pedindo ainda "um dossiê fiscal amigo da retenção de talento", assim como algumas alterações no IRC.
O coordenador dos delegados e avaliadores da Liga de clubes, depois de ter exercido, durante 20 anos, o cargo de delegado nessa estrutura quer "fazer as coisas com diálogo, ponderação", até porque apenas vai pedir algo equilibrado, como a questão da venda de bebidas de baixo teor alcoólico nos estádios.
"Não faz sentido no século XXI não podermos beber uma cerveja num estádio e a 100 metros já podermos, não faz sentido nenhum", lamentou.
Nas eleições para a presidência da LPFP, a lista A, liderada por Reinaldo Teixeira, concorre com a Lista B, de José Gomes Mendes, atual presidente da Mesa da Assembleia Geral do organismo.
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