"Recuando 20 anos, o Sporting também estava na mesma posição [a de líder da prova] e bastava-lhe o empate, mas um lance muito duvidoso acabou por decidir o dérbi e o título. Por vezes, os detalhes num lance de bola parada podem decidir estes jogos", analisou à agência Lusa o ex-defesa direito, de 42 anos, que representou os 'leões' de 2003 a 2007.
Em 14 de maio de 2005, também na penúltima ronda do campeonato, os rivais lisboetas chegaram ao dérbi em igualdade na liderança, com 61 pontos, mas o Sporting entrou no Estádio da Luz em vantagem no confronto direto, devido à vitória na primeira volta (2-1).
Os 'leões' poderiam jogar com dois resultados e mantiveram o 'nulo' até aos 83 minutos, quando Petit cobrou um livre e o defesa central brasileiro Luisão se antecipou ao guarda-redes Ricardo para dar a vitória ao Benfica (1-0), indiferente aos protestos do adversário.
O Benfica destacava-se na primeira posição e viria a conquistar o 31.º título de campeão nacional na última jornada, ao empatar no Bessa frente ao Boavista (1-1), cessando um interregno de 11 anos, ao passo que o Sporting ficou logo arredado dessa luta - os golos fora ainda valiam na definição do confronto direto -, e deu início a uma semana dolorosa.
Seguiu-se um desaire em Alvalade frente aos russos do CSKA Moscovo (1-3) na final da Taça UEFA - à qual os 'leões' tinham acedido com um tento decisivo anotado por Miguel Garcia na casa dos neerlandeses do AZ Alkmaar aos 120 minutos da segunda mão das 'meias' -, numa época fechada sem glória e no terceiro posto da I Liga, após uma derrota caseira com o Nacional (2-4), antigo clube do então treinador sportinguista José Peseiro.
"Há muitas semelhanças desse ano para este. O Luisão decidiu e, na minha opinião, em falta. Por vezes, é um herói improvável que resolve, tal como aconteceu no último fim de semana com o [também defesa central] Eduardo Quaresma [autor do golo da reviravolta do Sporting na receção ao Gil Vicente, por 2-1]. Agora, há sempre grandes referências a ter em conta", notou Miguel Garcia, totalista nos três jogos finais dos 'leões' em 2004/05.
No sábado, às 18:00, a equipa treinada por Rui Borges entra na Luz com os mesmos 78 pontos do Benfica, mas em vantagem no confronto direto, após ter triunfado no dérbi em Alvalade (1-0), estando na luta pelo 21.º cetro e o primeiro bicampeonato desde 1953/54.
"Sem dúvida, é o jogo da época. Nesta fase do campeonato, já é decisivo e cada equipa quer muito ganhar e festejar o título no fim de semana. Num dérbi não há favoritos, isto é 50/50. As equipas surgem em excelente forma, têm feito um último terço de I Liga muito consistente e acredito que vão estar na máxima força e a lutar pela vitória", perspetivou.
Uma igualdade leva a decisão do troféu para a última ronda, na qual o Sporting recebe o Vitória de Guimarães, ex-clube do atual técnico 'leonino' Rui Borges, e o Benfica visita o Sporting de Braga, outro dos clubes representados por Miguel Garcia, entre 2010 e 2011.
"Mesmo que o Sporting possa jogar com o empate, acredito que quer ganhar. Se o dérbi estiver empatado na reta final, claro que o Benfica vai apostar as fichas todas, porque o empate não lhe serve e, se terminar empatado, o Sporting será 99% campeão", apontou.
O ex-defesa direito espera uma etapa inicial "na expectativa" e uma segunda parte "mais aberta", com as 'águias' a precisarem de ganhar por dois ou mais tentos para reforçarem logo no sábado o recorde de 38 títulos de campeão nacional, resgatarem o cetro perdido há um ano para o rival de Alvalade e evitarem uma inédita consagração 'leonina' na Luz.
"Os jogadores estão confortáveis ao longo da semana. Existe maior ansiedade no dia do dérbi, mas, depois, depende do que acontecer e poderá haver uma equipa mais nervosa. Se o Sporting for bicampeão, é fenomenal e há que parabenizar a direção pelo excelente trabalho e o plantel", frisou o vencedor de uma Taça de Portugal pelos 'verdes e brancos'.