De acordo com o "European Luxury Retail 2025", "apesar de estar numa fase de transição, o mercado imobiliário europeu de retalho de luxo continua a demonstrar resiliência, com a abertura de novas lojas em 2024".
Assim, no ano passado, abriram 83 novas lojas de luxo nas 20 principais artérias da Europa, localizadas em 16 cidades de 12 países, representando o segmento de moda e acessórios quase metade do total de inaugurações (41).
Já as marcas de joalharia e relojoaria abriram um total de 26 lojas, acima das 21 de 2023.
De acordo com a consultora, as marcas detidas pelas grandes casas de luxo LVMH, Richemont e Kering foram responsáveis por mais de um terço das novas lojas abertas no ano passado, em linha com 2023, mas a proporção entre as três marcas alterou-se, tendo a LVMH liderado o setor com 15 aberturas em 2024.
Em Portugal, a Cushman & Wakefield refere que a avenida da Liberdade, em Lisboa, "continuou a atrair novas marcas de luxo em 2024, com um total de cinco novas aberturas" por parte das marcas de moda italiana Paul & Shark, de 'design' de mobiliário italiano Molteni&C, de relojoaria Patek Philippe (em parceria com a David Rosas) e IWC Schaffhausen (em parceria com o grupo Tempus) e da Cartier (que renovou a sua loja).
Citada num comunicado, a especialista em retalho de luxo da Cushman & Wakefield Portugal Maria José Almeida afirma que a avenida da Liberdade "é o destino por excelência das marcas de luxo internacionais", salientando que "o facto de estar no 'prime' CBD -- onde se localizam as sedes das grandes empresas e hotéis de cinco estrelas -- cria o 'habitat' perfeito para estas marcas".
"Alguns edifícios têm boas fachadas e áreas que vão ao encontro dos requisitos das marcas, mas o grande desafio continua a ser o número de unidades disponíveis", comenta, notando que "a taxa de desocupação na avenida da Liberdade é de apenas 2%, idêntica à registada no final de 2023", e que "a contínua procura nesta artéria da capital tem impulsionado o crescimento das rendas, que subiram mais de 9% desde o final de 2023".
O relatório da Cushman & Wakefield dá ainda conta que as taxas de desocupação "diminuíram consideravelmente em todos os mercados analisados, com 17 das 20 ruas principais a registarem menos de 5% de disponibilidade e seis delas a não apresentarem qualquer espaço disponível".
"Por essa razão, a ligeira redução no número de aberturas na Europa reflete não só um crescimento mais moderado das vendas no comércio de luxo, mas também a dificuldade das marcas em encontrar espaços adequados num quadro de quase total ocupação", refere.
A consultora nota ainda que "a escassez de oferta e o desejo de concentração dos retalhistas num punhado de artérias impulsionaram o crescimento das rendas nessas ruas em 3,6% em 2024 (3% em 2023)", sendo que esses valores estão atualmente 3% mais elevados, em média, do que em 2018.
"Um terço das ruas de luxo em toda a Europa atingiu rendas recorde em 2024, incluindo a Via Montenapoleone, de Milão, que é agora o destino de retalho mais caro do mundo", aponta.
De acordo com as previsões da Cushman & Wakefield, as rendas nas ruas de luxo deverão aumentar, em média, 1% a 3% ao ano entre 2025 e 2028.
Também citado no comunicado, o diretor de retalho EMEA (Europa, Oriente Médio e África) da consultora destaca que "as lojas físicas continuam a desempenhar um papel fundamental no relacionamento com o cliente", sendo vistas como "o universo da marca, onde os consumidores podem explorar e comprar produtos de luxo e desfrutar de experiências personalizadas que criam conexões significativas e duradouras com as marcas".
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