O gestor falava aos jornalistas no final da apresentação do lançamento do café Amboim pela Delta The Coffee Experience, em Lisboa.
Questionado sobre o preço do café, que tem atingido máximos históricos, Rui Miguel Nabeiro afirmou: "É outra preocupação que temos", além de Portugal ir de novo a eleições.
No ano passado, "fizemos dois aumentos de preço", avançou.
"Não falarei sobre o preço de retalho, do produto, [porque] esse é um preço que os retalhistas praticarão, não sei qual o preço a que o café irá chegar à bica", prosseguiu o CEO do Grupo Nabeiro-Delta Cafés.
Mas é com "alguma preocupação que vemos a situação internacional do preço do café, podemos falar se é especulação, já ouvi muitas teorias, o que é facto é que há pouco café para comprar no mercado, e isso tem impactado os preços do café", salientou.
A Delta "trabalha sempre com seis a nove meses de 'stock', e o meu primo [Ivan Nabeiro] aprendeu muito bem essa arte de comprar café com o meu avó", salientou.
"Estamos cobertos de 'stock' até junho", asseverou, referindo que para o que vai acontecer depois disso não tem resposta óbvia.
Tal dependerá da evolução natural do preço, disse Rui Miguel Nabeiro.
"Temos visto, infelizmente, que não é só no café" que se tem assistido a uma evolução dos preços, porque "vemos que todas as 'commodities', ouro incluído, têm sido um refúgio de investidores financeiros", prosseguiu.
Por isso, "volto a dizer que se há aqui especulação ou não, não sei. Não sou financeiro para poder responder", disse o gestor.
Contudo, "quero acreditar que é porque o café não desapareceu do mercado, o consumo de café a nível global cresceu relativamente", apontou, referindo que se fala do impacto das alterações climáticas.
No grupo, através da International Coffee Partners, "vamos trabalhando muito para apoiar os pequenos agricultores para evitar situações como estas", exemplificou, salientando que é difícil perceber o que vai acontecer no futuro quanto ao preço do café.
"Quero acreditar que o café não vai continuar a subir muito mais, mas há um ano dizia isto" e "de repente o café subiu 50% na origem" num ano, salientou.
"A Delta Cafés irá sempre proteger as suas margens e o seu negócio e é muito importante que o façamos, somos uma empresa que quer ser sustentável a longo prazo e, portanto, quando sentirmos que não temos outra hipótese que não seja passar esse preço para o consumidor, teremos que o fazer", admitiu.
Mas asseverou que "neste momento" a empresa tem cobertura de 'stock'.
[Notícia atualizada às 22h39]
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