"news_bold"> "Acho que é mesmo uma loucura para a nossa região porque o mercado americano é muito importante em termos de valorização dos nossos produtos, quer para os vinhos do Porto quer do Douro, e o anúncio do aumento da carga fiscal tem um impacto brutal no nosso negócio", afirmou o presidente da Associação dos Viticultores Profissionais do Douro (Prodouro), Rui Soares.
O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) ameaçou na quinta-feira com taxas de 200% sobre champanhe e vinho e outras bebidas destiladas da União Europeia (UE) para contrabalançar as taxas comunitárias face ao whisky americano.
O mercado norte-americano está no "top cinco", ou seja nos cinco principais mercados de exportação dos vinhos produzidos na região duriense, em termos de quantidade e de valor.
"Este é um aspeto muito importante, não é tanto o peso do mercado em quantidade é mais em termos de volume de negócio, porque os vinhos que exportamos para o mercado americano são vinhos muito valorizados e com preços médios muito acima daquilo que comercializamos para outros mercados", acrescentou Rui Soares, que é também produtor.
Em 2024, foram exportados cerca de 36 milhões de euros de vinho do Porto para os EUA, o que se traduz num aumento de 6,5% comparativamente com o ano anterior. A nível dos vinhos Denominação de Origem Controlada (DOC) Douro o mercado norte-americano representou um volume de negócios que ronda os 5,6 milhões de euros.
A concretizar-se esta ameaça, Rui Soares disse que "era tudo o que os produtores não precisavam nesta altura" em que "todo o contexto e ambiente são tão desfavoráveis" ao setor dos vinhos.
"Uma notícia destas é mais um prego no caixão", frisou, referindo que os associados da Prodouro têm revelado, sobretudo, preocupação.
A Prodouro tem 113 associados, representando 1.200 viticultores e 5.182 hectares de viticultura de montanha.
"Toda a política de Trump neste momento é de uma instabilidade enorme. Se verificarmos realmente a aplicação destas taxas para os vinhos europeus, nós na região do Douro preocupamo-nos principalmente com os vinhos do Porto", referiu Justina Teixeira, produtora e vogal da Casa do Douro, restaurada como associação pública e que tem sede na Régua.
A responsável disse que o mercado norte-americano estava a ser alvo de uma forte aposta por parte do Douro e estava em crescimento, sendo que, agora, provavelmente "será necessário encontrar outros parceiros económicos" até porque, segundo disse, a "instabilidade gera sempre desconfiança no mundo dos negócios".
Justina Teixeira lembrou a crise global de vendas de vinho que também afeta a Região Demarcada do Douro e considerou que a "Europa tem de repensar seriamente os setores agrícola e vitivinícola".
Depois da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia, que obrigou empresas a mudar a estratégia, a produtora apontou mais um problema para o setor devido à ameaça do presidente Trump e, por isso, realçou a necessidade de procurar mercados alternativos.
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