"O FMI recebeu um pedido formal das autoridades quenianas para um novo programa e vai iniciar discussões com elas", anunciou a instituição, num comunicado em que dá conta de uma visita dos seus peritos ao país.
O atual programa de ajuda do FMI ao Quénia, aprovado em abril de 2021 para um montante total previsto de 3,62 mil milhões de dólares (3,31 mil milhões de euros), deverá terminar em abril de 2025.
A próxima revisão, a nona, "não terá lugar", salienta o FMI no seu comunicado de imprensa.
Esta nona revisão poderia ter permitido ao Quénia receber cerca de 840 milhões de dólares (770 milhões de euros) ainda não desembolsados, mas a sua anulação "não surpreende", segundo Churchill Ogutu, economista da empresa de consultoria financeira IC Group.
"Não é surpreendente que tenham enterrado completamente esta nona revisão devido à falta de adesão aos objetivos", nomeadamente em termos de cobrança de impostos, salientou, acrescentando que o Quénia tem procurado recentemente meios alternativos de financiamento.
"É provável que as autoridades [quenianas] queiram agora ter um sistema fiscal mais flexível para evitar o tipo de manifestações que tivemos no ano passado", acrescentou, referindo-se às negociações que estão prestes a começar.
A Lei das Finanças de 2024-2025, que prevê novos aumentos de impostos impopulares após anos de inflação elevada e escândalos de corrupção, provocou uma onda de protestos em junho e julho de 2024 no país.
O Presidente queniano, William Ruto, está dividido entre os doadores internacionais, que o pressionam a encontrar receitas para pagar uma dívida nacional de 78 mil milhões de dólares (70,5 mil milhões de euros), e a população, um terço da qual vive abaixo do limiar de pobreza.
O serviço da dívida representa cerca de dois terços das receitas do país, mais do que as despesas com a educação ou a saúde.
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