China diz estar preparada para travar guerra comercial com Estados Unidos

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) admitiu hoje que as taxas impostas por Washington terão impacto na economia chinesa, mas ressalvou que a liderança em Pequim já vinha a preparar-se para este momento.

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Lusa
07/04/2025 06:11 ‧ há 3 dias por Lusa

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Tarifas

"Embora os mercados internacionais considerem, de modo geral, que os abusos tarifários dos Estados Unidos excederam as expectativas, o Comité Central do Partido [Comunista] já tinha previsto esta nova ronda de contenção e repressão económica e comercial contra a China, estimou plenamente o seu potencial impacto e preparou planos de resposta com tempo de antecipação e reservas suficientes", afirmou o Diário do Povo.

 

Reconhecendo que a aplicação de taxas alfandegárias adicionais de 34% sobre as importações oriundas da China, além das taxas de 20% impostas anteriormente, resultará numa "redução do comércio bilateral com os EUA" e num "impacto negativo a curto prazo para as exportações", o jornal lembrou que "muitos produtos dos EUA têm elevada dependência da China".

"Os EUA dependem da China não só para muitos bens de consumo, mas também para investimento e produtos intermédios, com uma dependência superior a 50% em várias categorias, o que torna difícil encontrar alternativas no mercado internacional a curto prazo", lê-se no editorial.

A percentagem das exportações da China para os Estados Unidos, em relação ao total das suas vendas externas, caiu de 19,2%, em 2018, para 14,7%, em 2024. Parte desta queda deve-se ao 'comércio triangular', no qual os produtos são exportados quase concluídos da China para outros países, incluindo Vietname, Tailândia ou Camboja, onde é acrescentado um componente ou acabamento, visando alterar o local de fabrico, visando contornar as taxas. O jornal não refere este fenómeno.

O Diário do Povo lembrou que, nos últimos anos, "apesar das pressões internas e externas", Pequim "tem persistido em fazer coisas difíceis, mas corretas", incluindo desalavancar o setor imobiliário e reduzir o endividamento das administrações locais e das pequenas e médias instituições financeiras.

"Estes três grandes riscos foram eficazmente controlados e contidos e estão a diminuir", assegurou.

Apontando a "grande dimensão" da economia chinesa, o jornal lembrou que a China dispõe de instrumentos de política monetária, como a redução do rácio de reservas obrigatórias e das taxas de juro, para estimular o consumo interno com uma "força extraordinária", o que permitiria ao país asiático reduzir a sua dependência das exportações.

"O mercado interno tem uma ampla margem de manobra", afirmou o jornal oficial do Partido Comunista Chinês. E sublinhou ainda a capacidade do país para transformar o efeito adverso das medidas dos EUA num "impulso" para acelerar a transformação económica e a "inovação industrial".

"Estrangular, reprimir e restringir apenas forçará a China a acelerar os avanços tecnológicos fundamentais em áreas-chave", avisou.

Pequim lançou na passada sexta-feira várias contramedidas às taxas anunciadas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.

As medidas de Pequim incluem taxas de 34% sobre produtos oriundos dos EUA, sanções contra empresas norte-americanas, restrições à exportação de certas terras raras ou a abertura de investigações antimonopólio e 'antidumping' contra empresas e produtos norte-americanos.

"Perante a inconstância e a pressão extrema dos Estados Unidos, não fechámos a porta às negociações", apontou o Diário do Povo. "Mas também não alimentamos esperanças, tendo feito vários preparativos para responder aos impactos", esclareceu.

Leia Também: G7 manifesta "profunda preocupação" com manobras militares junto a Taiwan

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