"Penso que a descia do rating pela Moody's é um indicador retardado; é o que todos pensam", afirmou o governante, que tem o cargo equivalente ao de ministro das Finanças nos governos europeus, Scott Bessent, numa entrevista à CNN citada pelas agências internacionais de notícias.
"Não lhes dou muito crédito", acrescentou sobre a Moody's, vincando que "o importante" é que o Presidente regressou de uma viagem pelo Médio Oriente com "milhares de milhões de dólares" em promessas de negócios para as empresas norte-americanas.
"Estamos a ver confiança por parte dos investidores, por isso não dou muito crédito à Moody's", acrescentou, argumentando que o governo liderado por Donald Trump tem "tentado reduzir a despesa e aumentar os investimentos, é assim que vamos fazer crescer o Produto Interno Bruto [PIB] mais depressa do que cresce a dívida, e isso estabilizará o rácio da dívida face ao PIB".
O comentário do responsável pelas Finanças dos Estados Unidos surge depois de a Moody's ter descido a opinião sobre a qualidade do crédito soberano dos EUA para Aa1, baixando-a do nível máximo de credibilidade pela primeira vez, e atribuindo uma perspetiva de evolução estável, ou seja, considerando que nos próximos 12 a 18 meses não deverá haver alterações na avaliação.
Bessent argumentou que a política orçamental de Donald Trump não tem culpas nesta decisão da Moody's e afirmou que os EUA "não se encontraram nesta situação nos últimos 100 dias", ou seja, desde o regresso do bilionário republicano à Casa Branca.
Bessent acusa a administração do ex-presidente Joe Biden "e os gastos dos últimos quatro anos" de serem a causa da descida do rating atribuído pela Moody's, que é justificado pela agência de notação financeira não só com o aumento da dívida dos Estados Unidos e do seu custo para o orçamento federal, mas também devido aos contornos da "proposta de lei orçamental atualmente em discussão" no Congresso americano.
Este megaprojeto, caro a Donald Trump, visa, nomeadamente, concretizar a prorrogação dos créditos fiscais concedidos durante o seu primeiro mandato antes do seu termo, e prevê 880 mil milhões de dólares, cerca de 788 mil milhões de euros, em cortes orçamentais ao longo de uma década, afetando principalmente os programas de seguro de saúde de 70 milhões de americanos com rendimentos modestos.
"Estamos determinados a reduzir as despesas e a fazer crescer a economia", garantiu Bessent na CNN.
A Moody's era a última das três grandes agências de notação financeira que ainda não tinha descido o rating da dívida americana e a manter-lhe a nota mais alta.
A sua concorrente Fitch baixou-a um nível, para AA+, em 2023, estimando que as repetidas crises políticas sobre o teto da dívida poderiam corroer a governança do país.
A Standard and Poor's foi a primeira grande agência de notação a retirar o 'triplo A' aos Estados Unidos em 2011 e, desde então, não elevou a nota, que continua em AA+.
A decisão de sexta-feira da Moody's foi justificada com a subida do endividamento dos EUA e do seu custo para o orçamento federal.
"Os sucessivos governos eleitos não se entenderam para tomar as medidas que permitiriam inverter a tendência que conduz a um importante défice anual", avançou a Moody's.
Em comunicado, a agência acrescentou: "Não pensamos que as reduções de despesa e do défice possam ser realizadas com a proposta de lei orçamental em discussão", em referência aos cortes de impostos pretendidos por Donald Trump.
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