"O medo de perder alguém de quem gostamos é natural, desde que não impeça o nosso bem-estar individual e a qualidade da relação com essa mesma pessoa. Porém, este medo de ficar sozinho pode ser tão intenso que se torna prejudicial ao nosso bem-estar, com consequências para a vida, por vezes, irreversíveis.
Uma das principais consequências deste medo remete para a tendência para retomar relacionamentos do passado, ainda que considerados negativos, associadas a memórias dolorosas e, em alguns casos, mesmo que tenha sido a própria pessoa a terminar o relacionamento. No entanto, são relações que são consideradas como uma escolha fácil, minimamente conhecida e que reduz, na visão da pessoa, o risco de terminar sozinha.
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Outra consequência do medo de ficar sozinho é permanecer em relações nas quais a pessoa sente que já não é feliz, mas que sente ser incapaz de terminar e avançar com a sua vida pelo desconforto em imaginar ficar sozinho. Como se valesse mais a pena o que se conhece, ainda que mau, do que uma eventual nova etapa de vida melhor, mas, por sinal, desconhecida.
© Sofia Gabriel
Por oposição, este medo pode também motivar o envolvimento impulsivo em novas relações, com novos parceiros com expetativas e objetivos diferentes para o futuro, pois o importante é não ficar sozinho. Por conseguinte, existe um risco elevado dessa relação terminar (pois foi uma decisão impulsiva, motivada pelo medo da solidão). E, quando o relacionamento termina, os medos da pessoa tendem a ser confirmados ('eu vou mesmo ficar sozinha', 'eu não sou boa o suficiente'), o que facilita com que se torne, consecutivamente, mais impulsiva e diminua as suas exigências para uma nova relação.
Por consequência, ao iniciar um novo relacionamento, a pessoa tende a estar hiperalerta a potenciais sinais de rutura e, não raras vezes, a sabotar o próprio relacionamento, devido a inseguranças, desconfianças e propensão para discutir com o parceiro acerca do (suposto) reduzido comprometimento na relação.
O medo de ficar sozinho é alimentado pela tendência da pessoa a focar somente os aspetos negativos de estar solteiro, em detrimento dos aspetos positivos, como são exemplo uma maior disponibilidade para o autocuidado, com especial foco para a autodescoberta e autoconhecimento, e o investimento em novos projetos e relações (sociais e familiares)."
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