"As experiências na infância podem ter um impacto significativo em vários aspectos da vida adulta. Partes da nossa vida que pensávamos ou desejávamos ter deixado para trás influenciam muitas das nossas decisões, incluindo a escolha de um parceiro para a vida", revela o psicoterapeuta Santiago Delboy, citado pelo Psychology Today.
Por norma, isto acontece sem que nos apercebamos, especialmente quando crescemos num ambiente marcado por negligência, rejeição, abuso ou desajuste. "Os vestígios dessas experiências dolorosas costumam ser menos aparentes, mais complexos e mais difíceis de identificar".
Leia Também: Saiba quantas calorias pode perder por minuto durante as relações sexuais
"Os caminhos que a nossa mente percorre para transformar experiências da infância em decisões adultas são complexos. Aprendemos desde cedo o que podemos esperar dos outros nos relacionamentos e como as nossas necessidades e emoções serão atendidas", explica o psicoterapeuta.
Grande parte deste processo ocorre de forma inconsciente e em interações subtis com as pessoas à nossa volta que às vezes são impactadas por experiências traumáticas. Isso dá aso a conflitos, desejos, anseios e sentimentos inconscientes sobre nós mesmos e os outros. Por exemplo, essas experiências podem impactar a forma como nos sentimos em relação à proximidade, intimidade, vulnerabilidade e dependência dos outros.
"O nosso interior é marcado pelas nossas experiências com os outros à medida que interiorizamos aspectos dos nossos primeiros relacionamentos com pessoas significativas, especialmente os nossos pais e cuidadores", acrescenta Santiago Delboy.
Leia Também: Cinco mitos que podem estar a piorar a relação com o seu chefe
"Essas experiências iniciais moldam as imagens de nós mesmos e dos outros, o que pode suscitar uma série de medos, ansiedades, esperanças e receios, conscientes ou inconscientes, que influenciarão as nossas interações com os outros em geral e a nossa escolha por parceiros românticos em particular. Podemos procurar parceiros que espelhem ou complementem aspectos das nossas primeiras experiências".
Por exemplo, um indivíduo que sofreu negligência emocional na infância pode desenvolver uma relação ambivalente com a proximidade, sentindo-a tanto como um desejo, como uma fonte de ansiedade e medo. Consequentemente, pode procurar parceiros emocionalmente distantes ou indisponíveis, o que lhe permitiria sentir-se seguro enquanto mantém a distância, mesmo que isso leve a uma sensação familiar de solidão e decepção.
Por outro lado, pessoas que foram negligenciadas na infância também podem desenvolver um estilo de apego ansioso e preocupado, procurando validação e atenção constantes dos seus parceiros. É uma forma inconsciente de "tentarem consertar um erro", exigindo - às vezes com raiva intensa - que o seu parceiro lhes dê aquilo que não receberam, mas precisavam durante a infância.
Leia Também: Parecem inofensivas, mas magoam. Evite estas quatro frases numa relação