Dois jornalistas feridos com disparos por soldados israelitas no Líbano

Pelo menos dois jornalistas ficaram hoje feridos por tiros disparados por soldados israelitas no sul do Líbano, horas depois da entrada em vigor do cessar-fogo entre o Estado judaico e o grupo xiita libanês Hezbollah.

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© Sally Hayden/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Lusa
27/11/2024 17:49 ‧ há 3 horas por Lusa

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Médio Oriente

"As forças inimigas israelitas na cidade de Khiam abriram fogo contra um grupo de jornalistas enquanto cobriam o regresso dos deslocados e a retirada israelita da cidade, deixando dois feridos", afirmou a Agência Nacional de Notícias Libanesa (ANN), acrescentando que os jornalistas foram levados para um hospital local.

 

A organização não-governamental (ONG) libanesa para a liberdade de imprensa Samir Kassir Eyes avançou que os jornalistas feridos são Mohamed al Zaatari, repórter fotográfico da agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), que foi baleado com dois tiros numa perna; e Abdelkader al Bay, correspondente do 'media' russo Sputnik, que foi atingido com estilhaços num pé.

Em comunicado, o diretor do Sindicato da Imprensa Libanesa, Joseph al-Qusaifi, condenou "o tiroteio perpetrado pelos soldados da ocupação israelita" e garantiu que os dois jornalistas foram transferidos para um hospital em Marjayoune para tratamento.

"Este incidente faz parte de uma série de crimes cometidos por Israel contra jornalistas, profissionais da comunicação social e fotógrafos libaneses desde 08 de outubro de 2023", disse al-Qusaifi, referindo-se à data do início das hostilidades entre Telavive e o grupo xiita Hezbollah.

Desde então, frisou o representante, "estes crimes custaram tragicamente a vida a mais de 12" profissionais de órgãos de comunicação social no Líbano, à medida que o número de jornalistas que "sofreram incapacidades permanentes ou ferimentos graves" resultantes dos ataques israelitas se situa nas "dezenas".

"Este ataque contra jornalistas, em particular contra os colegas Al Zaatari e Al Bay, representa a primeira violação do cessar-fogo", declarou ainda o diretor do sindicato.

O exército israelita confirmou hoje ter disparado sobre um veículo "com vários suspeitos" numa zona interdita no sul do Líbano, mas sublinhou o seu empenho em respeitar o acordo de cessar-fogo que entrou em vigor nas primeiras horas da manhã.

Não se sabe se se trata do mesmo incidente, mas as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que "atuarão contra qualquer pessoa que tente violar o acordo de cessar-fogo e continuarão a proteger os cidadãos" do Estado judaico.

A trégua de 60 dias entrou hoje em vigor às 04:00 locais (02:00 em Lisboa), após mais de um ano de combates entre o grupo xiita pró-iraniano e Israel, que já causou a morte de mais de 3.800 pessoas no Líbano, a maioria desde o final de setembro, segundo as autoridades libanesas.

Apesar da trégua, o exército israelita alertou os residentes para não se aproximarem das posições onde permanece destacado ou das localidades das quais ordenou a evacuação.

O acordo prevê uma retirada gradual do Hezbollah e das tropas israelitas e o destacamento de 10.000 efetivos das forças armadas libanesas ao longo da fronteira do sul do Líbano com o norte de Israel.

O Hezbollah abriu uma "frente de apoio" ao movimento islamita palestiniano Hamas contra Israel no início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada em 07 de outubro de 2023 pelo ataque sem precedentes do grupo extremista palestiniano no sul de Israel.

Após meses de tiroteios transfronteiriços, Israel lançou uma campanha de bombardeamentos maciços contra o Hezbollah em 23 de setembro, a que se seguiu uma invasão terrestre do sul do Líbano.

O cessar-fogo marca o primeiro grande passo para pôr fim à agitação regional mas não se aplica à guerra em Gaza, onde a ofensiva israelita já provocou a morte de quase 44.300 pessoas desde outubro de 2023, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas (que controla o enclave palestiniano desde 2007), considerados fiáveis pela ONU.

Leia Também: FINUL saúda trégua no Líbano e disponibiliza-se para cooperar

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