"Temos trabalho a fazer aqui em casa e, se queremos proteger os nossos interesses e defender os nossos valores, temos também de ser economicamente fortes. A Europa dispõe de todos os instrumentos para desempenhar com êxito o seu papel no equilíbrio de poderes", disse Ursula von der Leyen, intervindo na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.
Dois dias após a tomada de posse do novo Presidente norte-americano, Donald Trump, e quando a UE teme impactos económicos e comerciais desta nova administração, a líder do executivo comunitário apontou as primeiras três semanas de 2025 como "um vislumbre da mudança que está a chegar à política mundial".
"Entrámos numa nova era de dura competição geoestratégica, estamos a lidar com potências de dimensão continental e estas envolvem-se umas com as outras com base sobretudo em interesses. Esta nova dinâmica vai dominar cada vez mais as relações entre os atores mundiais e as regras do jogo estão a mudar. Nós, na Europa, podemos não gostar desta nova realidade, mas temos de lidar com ela", elencou Ursula von der Leyen.
Para defender os valores europeus, a responsável anunciou que irá apresentar, na próxima semana e após um ligeiro atraso, a "nova Bússola da Competitividade", estratégia para tornar economia comunitária mais competitiva face a concorrentes como os Estados Unidos e China e que será "a estrela norte da nova Comissão e orientará o nosso trabalho nos próximos cinco anos".
"Estabelecemos três objetivos: em primeiro lugar, reduzir o défice de inovação em relação aos nossos concorrentes; em segundo lugar, um roteiro comum para a descarbonização e a competitividade; e, em terceiro lugar, reforçar a nossa resiliência e segurança económicas", adiantou Ursula von der Leyen.
A estratégia que será apresentada na próxima quarta-feira, visa, de acordo com a responsável, combater o ciclo de falta de investimento e de falta de inovação na UE, diversificar o fornecimento energético com vista a obter preços mais baixos e reforçar a resiliência e segurança económicas.
Esta intervenção foi feita naquele que foi o primeiro debate em plenário do Parlamento Europeu do novo presidente do Conselho Europeu, António Costa, a quem a presidente da Comissão Europeia agradeceu "a excelente colaboração nas primeiras semanas do mandato", já que ambos iniciaram funções em dezembro passado.
Num contexto de tensões geopolíticas (devido à guerra da Ucrânia causa pela invasão russa e de conflitos no Médio Oriente), de concorrência face aos Estados Unidos e China e de transição política norte-americana, a UE quer apostar, neste novo ciclo institucional, na competitividade económica comunitária.
Estima-se que a UE tenha de investir 800 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 4% do PIB, para colmatar falhas no investimento e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa em comparação a Washington e Pequim.
[Notícia atualizada às 10h14]
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