Sérvios saíram à rua, mas governo responde com contramanifestação

Milhares de pessoas manifestaram-se hoje na Sérvia contra a corrupção e o "sistema" e a favor de uma greve geral, com vista a aumentar a pressão sobre o governo, que respondeu com uma contramanifestação.

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Lusa
24/01/2025 23:17 ‧ ontem por Lusa

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greve geral

Ao final da manhã, milhares de estudantes e alunos do ensino secundário reuniram-se em vários pontos de Belgrado, sob palavras de ordem gritadas e frases escritas em faixas como "Greve geral", "A mudança vem connosco", "As vozes dos estudantes são as vozes da mudança", "O sistema está a mentir-vos".

 

Durante 15 minutos de silêncio os manifestantes prestaram ainda homenagem aos 15 mortos na queda de uma cobertura na estação de Novi Sad, a 01 de novembro, um acidente tido como resultado da alegada corrupção nas obras públicas e que originou este movimento de protesto.

As manifestações decorrem há semanas, reunindo dezenas de milhares de pessoas em todo o país. Segundo a Javnis kupovi, uma associação que regista todas as manifestações, desde 01 de novembro já se realizaram mais de 50 iniciativas.

Hoje foi estreado o apelo à greve geral nestes protestos, com o registo de vários cafés e lojas fechados em Belgrado, enquanto muitas escolas foram encerradas, quer porque os professores estavam em greve, quer porque os pais tinham decidido não enviar os filhos à escola.

Os advogados também entraram em greve esta semana, assim como vários teatros e cinemas.

Durante a tarde, não havia dados disponíveis sobre o número de grevistas em todo o país, nem sobre o número de escolas encerradas.

Hoje uma estudante foi ferida por um automobilista que, de acordo com imagens publicadas nas redes sociais, parece tê-la atropelado deliberadamente. O condutor foi detido, anunciou rapidamente o Ministério da Administração Interna.

O Governo e o Presidente, Aleksandar Vucic, anunciaram aumentos para os professores e para os orçamentos das universidades, afirmando ter respondido às reivindicações.

Acusaram também os estudantes de serem "agentes de estrangeiros" e organizaram uma grande contramanifestação à tarde em Jagodina, no centro da Sérvia.

Vucic deverá anunciar a criação de um novo movimento político e espera mostrar que goza de apoio popular mais de dez anos depois de ter chegado ao poder.

O chefe de Estado continua a afirmar que o objetivo dos manifestantes é a sua demissão, argumentando que "todas as exigências" dos estudantes foram satisfeitas e acusando "agentes estrangeiros" de estarem na base do movimento.

Também garante que o estão a tentar matar e que a Sérvia está à beira de uma "revolução colorida", segundo a imprensa próxima do regime.

Dezenas de cafés e restaurantes anunciaram que vão permanecer abertos e oferecer café e algumas refeições, naquilo que os tabloides próximos do governo apresentam como movimento "anti greve".

Leia Também: UE quer nomear diplomata dinamarquês para o Diálogo Sérvia-Kosovo

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