Depois de mais um momento tenso entre Israel e o Hamas, já são conhecidos os nomes das quatro reféns que vão ser libertadas no sábado, naquela que será a segunda ronda de libertações desde que as duas partes assinaram um acordo de cessar-fogo, já este mês.
Já era conhecido que iam ser quatro pessoas libertadas, mas o grupo islamita enviou, esta sexta-feira, a lista com as identificações das reféns. Inicialmente Telavive pediu aos meios de comunicação social para não revelarem quem eram estas mulheres até as famílias serem informadas.
Agora, já autorizaram a publicação dos nomes e já se sabe então quem serão as quatro jovens a ser entregues a Israel. As famílias foram informadas, por precaução, de que a lista das libertadas poderia ainda sofrer alterações.
Deverá ser publicada ainda uma lista dos prisioneiros palestinianos que serão libertados pelas forças israelitas. De acordo com os detalhes do acordo de cessar-fogo, Israel libertará 50 prisioneiros palestinianos por cada mulher soldado israelita, o que significa que pelo menos 200 dos reclusos deverão sair até amanhã.
BREAKING: Hamas Releases Hostage List! 🇮🇱
— Rabbi Shmuel Reichman (@ShmuelReichman) January 24, 2025
These are the names of the four Jewish female hostages that will be released in the next 24 hours, after nearly 500 days in captivity:
️ Liri Albag
️ Karina Ariev
️ Naama Levy
️ Daniella Gilboa
This move deviates from prior… pic.twitter.com/uQ3gSSbX4p
Quem são as reféns esperadas amanhã?
As reféns que estão em cativeiro há 477 dias e que são esperadas amanhã são Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag. A última é a mais nova destas reféns, com as outras três a terem 20 anos.
Estas quatro mulheres são militares e foram raptadas pelo grupo islamita a 7 de Outubro, da base militar de Nahal Oz. Na mesma base estavam outras duas mulheres – uma das quais foi resgatada por Israel e o corpo da outra foi recuperado durante uma operação.
Das militares que foram levadas, apenas uma não está na lista entregue pelo Hamas: Agam Berger, de 21 anos.
A cedência de Israel
Telavive decidiu aceitar estes quatro nomes – ainda que pedissem que houvesse civis nesta libertação. Da lista original ‘fechada’, que contempla 33 nomes de reféns, há ainda duas civis que deverão ser libertadas nos próximos tempos: Arbel Yehud, 29 anos, e Shiri Silberman Bibas, com 33.
Era uma destas mulheres que Telavive queria receber, principalmente. Segundo a publicação israelita, Arbel Yehud terá sido requisitada, mas pensa-se que poderá estar sob o controlo do Movimento da Jihad Islâmica na Palestina.
Ao longo do tempo, há imagens das cinco militares. Entre vídeos e fotografias, vê-se Naama Levy numa das fotografias com um olho negro ou Karina Ariev e Daniella Gilboa com ligaduras na cabeça.
Da bisneta de sobreviventes do Holocausto à identificação pelo vídeo
Karina Ariev
Os pais de Karina Ariev, de Jerusalém, falaram com a filha ao início da manhã do dia 7, com a filha a chorar ao telefone e a falar sobre as barricadas, descrevendo também os tiros que estava a ouvir. "Gritava e dizia que nos amava. Disse-nos para continuarmos com as nossas vidas", explicou a mãe, numa entrevista, dando conta de que 40 minutos depois de falar com a filha com a última vez perdeu por completo o contacto. "Não sabíamos a quem ligar", referiu.
Daniella Gilboa
Daniella Gilboa é de Petah Tikva e falou com a família antes do ataque, enviou fotografias de como estava vestida nessa manhã ao namorado. Quando o Hamas publicou vídeos nesse dia, a família de Gilboa conseguiu identificá-la a partir daí. "Imagino que vem para casa", explicou a mãe da jovem em várias entrevistas.
A jovem foi filmada para um vídeo de propaganda do Hamas em janeiro do ano passado e a a família autorizou a sua publicação seis meses depois, em julho. "Estou sob bombardeamento 24 horas por dia. Temo muito pela minha vida. Quase me mataram uma vez com os bombardeamentos", afirmou, numa missiva dirigida a Israel. O mesmo vídeo mostra também Doron Steinbrecher, libertada na semana passada.
Naama Levy
Naama Levy é natural de Ra’anana, no centro de Israel, e, à semelhança de Karina Ariev, falou com a mãe a última vez por volta das 7 horas da manhã do dia do ataque. "Estamos seguras. Nunca vi nada como isto na minha vida", escreveu numa mensagem de texto, na qual também descrevia o ataque se passava ‘lá fora’.
Horas depois, o Hamas publicava um vídeo no qual Levy aparecia, com as suas calças cobertas de sangue e sujas de terra – nas imagens, era puxada pelos cabelos da parte de trás de uma carrinha preta e depois empurrado para o banco de trás.
Levy é também bisneta de sobreviventes do Holocausto e participou no projeto ‘Hands of Peace’ (‘Mãos da Paz’) nos Estados Unidos, uma organização que trabalha para a paz entre Israel e os palestinianos.
Liri Albag
Liri Albag é natural de Moshav Yeruhav e a mais nova das reféns. Falou com a mãe pela última vez por volta das 6h30, dizendo-lhe que estava num abrigo. A mãe pensou, mais tarde, que a filha estaria no hospital e dirigiu-se a uma unidade à procura da filha, mas, quando voltou a casa percebeu que tinha sido raptada pelo Hamas – também através dos vídeos que circulavam.
"Vi as imagens e recusei-me a acreditar", contou a mãe. Já este mês, um vídeo que o Hamas publicou mostrava Albag viva, e apesar de não estar datado, os "450 dias de cativeiro" indicavam que tinha sido filmado recentemente.
Na altura, a mãe disse: "O vídeo partiu-nos o coração. Esta não é a mesma filha e irmã que conhecemos. Está em más condições e a degradação do estado da sua saúde mental é notável".
Na altura, a família de Albag apelou ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que trouxesse os reféns como "se dos seus filhos se tratasse". "A Liri está viva e tem de voltar. Só depende de si", apelaram.
Recorde-se que já foram libertados três reféns numa primeira fase
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