O documento da Comissão de Inquérito da Síria sublinha que o saque foi "em tão grande escala que casas inteiras de pessoas deslocadas e refugiados foram desmanteladas e destruídas sistematicamente em bairros inteiros", como observado através de imagens de satélite, testemunhos diretos, fotografias e vídeos.
O relatório refere que este tipo de "castigo coletivo" é considerado como um crime de guerra e indica que a pilhagem sistemática foi sobretudo perpetrada por membros do exército do antigo regime de Bashar al-Assad e de milícias afiliadas, em zonas cujo controlo mudou de mãos ao longo do conflito, como Homs e Alepo.
Estes saqueadores assinaram contratos com empresas privadas interessadas em adquirir os bens roubados e depois vendê-los em mercados, alguns deles criados exclusivamente para o efeito, como o "mercado sunita" em Homs, onde eram vendidos bens de indivíduos sunitas em fuga.
A pilhagem também ocorreu em zonas controladas por grupos armados que se opunham ao ex-presidente Al-Assad, deposto em dezembro passado, embora de uma forma "mais oportunista do que sistemática", refere o relatório, sublinhando que, nesses casos, as casas dos deslocados não foram destruídas, sendo normalmente utilizadas por pessoas que fugiam das zonas controladas pelo governo.
As práticas de pilhagem "tornaram bairros inteiros inabitáveis, como campos devastados por gafanhotos", afirmou a comissão, que teve recentemente a oportunidade de visitar a Síria pela primeira vez.
"As práticas devastadoras de pilhagem não devem repetir-se", alertou a comissão, presidida pelo brasileiro Paulo Pinheiro, aludindo à nova mudança no controlo do território que a Síria conheceu após a queda do anterior regime, a 08 de dezembro.
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