"Ontem [na quarta-feira], um voo da Força Aérea dos Estados Unidos chegou ao Aeroporto Howard (a oeste da capital) com 119 pessoas de nacionalidades muito diversas de todo o mundo. Estas pessoas vêm dos Estados Unidos, para fazer escala no Panamá", afirmou Mulino, em conferência de imprensa.
As autoridades do Panamá e da Costa Rica concordaram na terça-feira acolher os migrantes que regressam do norte do continente para o sul, para depois os devolver aos seus países de origem em aviões pagos pelos Estados Unidos.
O ministro da Segurança do Panamá, Frank Ábrego, explicou que um encontro com o seu homólogo da Costa Rica, Mario Zamora, "permitiu estabelecer um protocolo inicial para gerir o regresso de migrantes irregulares, que inclui a sua concentração no Centro de Assistência aos Migrantes (Catem) da Costa Rica".
A partir de Catem, os migrantes deportados "serão transferidos para Metetí [em Darién, na fronteira com a Colômbia] ou para Los Planes de Gualaca [no Panamá, na fronteira com a Costa Rica], e, posteriormente, repatriados por via aérea ou marítima para os seus países de origem, no âmbito do memorando de entendimento assinado com os Estados Unidos", acrescentou o ministro.
Segundo informações oficiais do Ministério da Segurança do Panamá, "os migrantes irregulares deverão apresentar-se no Catem, onde os seus dados serão registados e será realizada uma verificação biométrica para verificar a ausência de antecedentes criminais".
As autoridades "continuam a analisar estratégias para gerir o 'fluxo migratório inverso'" e, "entre as medidas consideradas, está a adoção de um sistema de transporte por autocarros de Catem para Lajas Blancas (Darién), onde os migrantes receberão assistência antes do seu regresso ao sul".
O Presidente panamiano, José Raúl Mulino, propôs, a 02 de fevereiro, ao secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, durante a sua visita oficial ao país, um reforço da cooperação na deportação de migrantes.
A proposta foi avançada na sequência de um acordo assinado em julho pelos dois países para devolver migrantes que atravessaram a perigosa selva de Darién, fronteira natural com a Colômbia, em voos pagos pelo país norte-americano.
A coordenação entre o Panamá e a Costa Rica começou quando os dois Estados detetaram um "fluxo migratório inverso", de norte para sul, que, até agora, "tem sido lento, mas apresenta uma tendência crescente", referem as autoridades do Panamá, em comunicado.
"Queremos garantir um fluxo ordenado, legal, humanitário e seguro dos migrantes", pelo que a cooperação visa "garantir o regresso dos migrantes aos seus países de origem em condições adequadas", acrescentou o ministro costarriquenho.
Os migrantes que estão a ser agora deportados dos EUA chegaram àquele país depois de atravessarem a perigosa selva de Darien em busca de melhores condições de vida.
Desde que Donald Trump chegou ao poder, as políticas de imigração foram reforçadas com rusgas nas ruas, sendo que, a 21 de janeiro, a Casa Branca passou a permitir às autoridades de imigração realizar rusgas em escolas, igrejas e hospitais, revogando uma diretiva do seu antecessor, o democrata Joe Biden, que estabeleceu uma série de "áreas protegidas" onde tais rusgas eram proibidas.
Durante a sua campanha eleitoral, Trump prometeu deportar mais de 10 milhões de pessoas no decurso do seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos.
Leia Também: Pequim apresenta protesto ao Panamá por saída da Iniciativa Faixa e Rota