"Israel aplica sistemática e regularmente leis e políticas racistas e desumaniza a população palestiniana", disse Michael Fakhri numa conferência de imprensa com outros relatores da ONU para denunciar as práticas israelitas em Gaza e na Cisjordânia, que, em conjunto com a homóloga da ONU para os Territórios Palestinianos, Francesca Albanese, descreveram como "genocidas".
"Enquanto sistema de segregação racial, devem ser aplicadas sanções contra Israel, contra um Estado construído institucionalmente para minar a humanidade do povo palestiniano com um regime de 'apartheid'", afirmou.
O jurista canadiano considerou também "hipócrita e racista" a atitude de dirigentes políticos europeus que anunciaram que não cumpririam os mandados de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI) emitidos contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e outros responsáveis israelitas.
"Esta seletividade na aplicação do direito internacional é perigosa porque transmite a mensagem de que não há punições, reforçando a ideia de que existem dois pesos e duas medidas e que aqueles que fazem as leis as aplicam aos outros mas não a si próprios", acrescentou Ben Saul, relator da ONU para a luta contra o terrorismo, na mesma conferência de imprensa.
A sua colega da ONU para a independência judicial, Margaret Satterthwaite, aproveitou a conferência de imprensa para reiterar a condenação das ordens emitidas pelo governo dos EUA contra os Estados que colaboram com o TPI, bem como a inclusão do procurador principal do tribunal, Karim Khan, na "lista negra" de Washington.
"Os Estados Unidos colocaram a pessoa responsável pela construção dos processos contra esses suspeitos numa lista de suspeitos de terrorismo e de violação dos direitos humanos", lamentou o relator, criticando Washington por "atacar e atingir o Estado de direito internacional e o coração do sistema global de justiça penal".
"Os Estados Unidos deram poder aos criminosos de guerra, negaram justiça e reparações às vítimas em todo o mundo e as suas sanções ridicularizam décadas de esforços para impor a lei sobre a força e as atrocidades", concluiu Satterthwaite.
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