Ministro da Defesa francês defende "consenso alargado" sobre Ucrânia

O ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, afirmou hoje que está a emergir um "consenso muito alargado" entre os europeus no apoio ao exército ucraniano no conflito com a Rússia, a "primeira garantia de segurança" de Kyiv.

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Lusa
12/03/2025 20:35 ‧ há 11 horas por Lusa

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Ucrânia

"A palavra "desmilitarização" está a emergir. Não se trata de nada disso. Pelo contrário, a verdadeira garantia de segurança a longo prazo serão as capacidades que vamos poder dar ao exército ucraniano", disse o ministro, após uma reunião em Paris com os seus homólogos alemão, britânico, polaco e italiano.

 

Segundo Sébastien Lecornu, que garantiu que Kyiv continuará a receber ajuda, "a primeira garantia de segurança para a Ucrânia é o próprio exército ucraniano", referindo-se às suas capacidades, armamento, equipamento e formação.

"Por detrás da Ucrânia, o que está em causa é a questão do continente europeu no seu conjunto", alertou o anfitrião francês perante representantes da União Europeia (UE) e NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).

Por essa razão, o ministro revelou que cerca de quinze países "estão prontos" a participar numa eventual missão de manutenção de paz na Ucrânia e que irão realizar uma nova reunião a nível de ministros da Defesa de todos os países envolvidos "dentro de quinze dias".

Sébastien Lecornu explicou ainda que o objetivo era "refletir" e propor opções para uma "arquitetura de segurança" com vista a um "cessar-fogo duradouro".

A reunião dos ministros da Defesa, no chamado formato "E5", acontece um dia depois de uma reunião dos chefes de Estado-Maior de 34 países, a quem o Presidente francês Emmanuel Macron pediu que planeiem "garantias de segurança credíveis" a fornecer a Kyiv.

O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, apelou aos cinco países presentes nesta reunião para que formem soldados em conjunto e adquiram equipamento de defesa.

"Uma trégua de um mês pode ser muito útil, desde que aproveitemos bem este período. A bola está no campo de Vladimir Putin [Presidente russo], cabe-lhe a ele parar com os bombardeamentos. A Rússia tem de parar os ataques no Mar Negro e ao longo de toda a linha da frente", salientou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius.

Quanto ao eventual envio de tropas europeias para a Ucrânia para garantir o cumprimento de um cessar-fogo, atualmente em discussão, o vice-primeiro ministro e ministro da Defesa polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, afirmou que a Europa não está "nessa fase", sublinhando que tudo depende da missão prevista.

Sébastien Lecornu sublinhou "o caráter imprevisível do aliado americano", nomeadamente desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca, um dia após a reunião para negociar o fim da guerra entre uma delegação dos Estados Unidos e outra da Ucrânia em Jeddah, na Arábia Saudita, em que a Ucrânia aceitou uma proposta para um cessar-fogo de 30 dias com a Rússia.

No final de fevereiro, os Estados Unidos suspenderam a ajuda militar a Kyiv e a partilha de informações, na sequência de um confronto verbal na Casa Branca, em Washington, entre o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o homólogo norte-americano, Donald Trump, e o vice-presidente JD Vance.

"Estamos muito satisfeitos pelo facto de Washington e Kyiv estarem novamente em sintonia. Os nossos esforços valeram a pena. A bola está obviamente no campo da Rússia e as verdadeiras negociações começarão em breve".

Os ministros apelaram à manutenção da ajuda militar à Ucrânia e ao aumento e coordenação das despesas europeias com a defesa, com o ministro polaco a considerar que os europeus são capazes de defender os seus valores e união, em particular através do financiamento da defesa a nível da UE.

Para Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, trata-se de "manter a Rússia o mais afastada possível de todos os nossos Estados", defendendo a ajuda ao país invadido desde fevereiro de 2022.

"O gigante, a Europa, acaba de acordar", disse o ministro polaco, acrescentando que "a despesa com a defesa não será tida em conta no cálculo do défice", uma vez que a UE pede aos Estados-Membros que não excedam um défice de 3%, algo que a França não tem cumprido. Este ano tem previsto um défice de 5,4% do produto interno bruto (PIB), superando o estabelecido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC).

Leia Também: Estados Unidos já retomaram entregas de armas a Kyiv

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