O antigo presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte já aterrou nos Países Baixos, onde pode vir a enfrentar uma pena perpétua por crimes contra a humanidade.
Duterte, de 79 anos, poderá vir a ser o primeiro antigo chefe de Estado asiático a ser julgado no Tribunal Penal Internacional, depois de um mandado emitido por este tribunal, que é o órgão judicial da Organização das Nações Unidas.
Nas agências de notícias há já imagens da chegada do avião que se julga ter transportado o ex-líder filipino até aos Países Baixos, onde fica localizado o tribunal. Mas, se nos países Baixos há quem proteste contra a detenção de Duterte, há também quem mostre apoio, tal como pode ver na galeria acima.
À chegada aos Países Baixos, Duterte assumiu as suas responsabilidades perante a polícia e o exército nas operações contra o tráfico de droga.
"Sou aquele que liderou as agências de aplicação da lei e os militares. Disse que vos protegerei e assumo a responsabilidade", declarou o antigo presidente filipino, num vídeo partilhado nas redes sociais.
Mas o que levou Duterte até Haia?
Duterte esteve na presidência do país entre 2016 e 2022, tendo levado a cabo uma sangrenta guerra contra a droga no país, com os discursos e ameaças de morte a tornarem-se em homicídios a sangue frio nas Filipinas.
Entre as suas declarações durante a campanha, Duterte chegou a dizer: "Esqueçam as leis sobre os direitos humanos. Se eu chegar ao palácio presidencial, farei exatamente o que fiz enquanto Presidente da câmara. Vocês, traficantes de droga, assaltantes e inúteis, é melhor irem-se embora. Porque eu mato-vos."
À Reuters, chegou também a dizer que defendia "matar cinco criminosos por semana, para que eles sejam eliminados."
As mortes (e os números)
Após ter sido eleito presidente, em junho de 2016, as autoridades, sob o comando de Duterte, já tinham matado nos primeiros meses mais de duas mil pessoas (a maioria no âmbito de tiroteios).
A situação não fez com que a sua popularidade diminuísse, já que uma sondagem da Social Weather Stations em dezembro de 2016 revelou que 77% dos filipinos estavam satisfeitos com o desempenho de Duterte.
Quando Duterte saiu da presidência, em 2022, as autoridades davam conta de que cerca de 6.200 suspeitos tinham sido mortos em operações anti-droga, que foram sido denunciadas por organizações de defesa de direitos humanos e também jornalistas.
Apesar de os dados oficiais indicarem que nestas operações morreram 6.248 pessoas, as organizações dão conta de que este número pode ascender a 30 mil - com comunidades mais pobres a serem também atingidas por mortes em circunstâncias misteriosas.
A Reuters aponta que dezenas de casos revelaram mortes violentas em que as certidões de óbito mencionavam causas naturais. Num caso, a certidão de óbito indicava pneumonia como a causa da morte, embora o crânio do corpo exumado tivesse um buraco de bala. A ideia de que cerca de 30 mil pessoas podem ter sido mortas nestas operações - por agentes ou pessoas não identificadas - é também corroborada pelo Tribunal Penal Internacional.
A investigação a Duterte começou em 2018, e suspensa entretanto, mas, em 2023, foi reaberta. Inicialmente, o atual governo filipino disse que não iria cooperar, mas acabou por nos últimos tempos ceder, tendo Duterte sido detido à chegada do país esta semana.
Veja as imagens na galeria acima.
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