Pelo menos 14 famílias de imigrantes com crianças com apenas um ano de idade estavam no centro de detenção em Karnes County, no Texas, de acordo com a RAICES, que presta serviços às famílias no centro.
As famílias são originárias da Colômbia, Roménia, Irão, Angola, Rússia, Arménia, Turquia e Brasil.
Faisal Al-Juburi, diretor de assuntos externos da organização, informou que as famílias foram detidas nos Estados Unidos perto das fronteiras com o México e o Canadá. Algumas ficaram nos EUA por apenas 20 dias e outras por cerca de 10 anos.
A organização sem fins lucrativos prestava serviços aos detidos adultos no centro antes da mudança da população de detenção do centro na semana passada, quando os detidos adultos foram transferidos para fora.
Tanto a administração Obama como a primeira administração de Trump detiveram famílias até que os seus casos de imigração fossem resolvidos. Trump restringiu severamente o asilo e separou à força as crianças dos seus pais na fronteira, numa política amplamente denunciada como desumana.
A prática da detenção de famílias foi em grande parte interrompida, mas não abolida, durante a presidência de Joe Biden, que considerou brevemente a possibilidade de a reiniciar em 2023.
O Geo Group, a empresa privada que opera o Centro de Processamento de Imigração do Condado de Karnes, adiantou que a instalação pode acomodar até 1.328 pessoas num comunicado divulgado na segunda-feira.
A empresa informou que seu contrato com o governo federal vai até agosto de 2029 e vai gerar cerca de 79 milhões de dólares (72,5 milhões de euros) em receita no primeiro ano.
Várias organizações expressaram preocupação com o bem-estar das crianças detidas.
Alan Shapiro, que é cofundador e diretor de estratégia da Terra Firma National, que trabalha para proporcionar às crianças e famílias imigrantes acesso a cuidados de saúde e representação legal, visitou centros de detenção familiar durante a primeira administração Trump e disse que as crianças detidas sofreram regressão comportamental, raiva e pensamentos de automutilação.
"Também ouvimos falar de ideação suicida e tentativas de suicídio das próprias crianças nas instalações e outras preocupações significativas com a saúde mental, incluindo automutilação e distúrbios alimentares que não estavam presentes antes da detenção", revelou Shapiro.
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