Após três dias de apagão, Cuba gera apenas 1/3 da procura média diária

Cuba está a gerar cerca de um terço da procura média diária de eletricidade da última semana ao terceiro dia após o colapso total do sistema elétrico do país na passada sexta-feira, segundo dados oficiais divulgados hoje.

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© YAMIL LAGE/AFP via Getty Images

Lusa
16/03/2025 16:54 ‧ há 5 horas por Lusa

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De acordo com o diretor-geral de eletricidade do Ministério de Energia e Minas (Minem), Lázaro Guerra, citado pela imprensa oficial cubana, o país está a gerar 935 megawatts (MW), menos de um terço dos 3.171 MW de consumo médio diário na semana anterior ao apagão nacional de sexta-feira.

 

Guerra garantiu que até à manhã de hoje a elétrica estatal União Elétrica (UNE) conseguiu conexão à rede desde Havana até à ponta mais oriental da ilha, Guantánamo, o que não significa que se gere energia em toda esta linha.

No caso da província da capital 81% dos consumidores continuam sem fornecimento elétrico.

Nos últimos três apagões nacionais, registados em outubro, novembro e dezembro de 2024, a UNE começou por reativar microssistemas, alimentados por grandes geradores de fuelóleo e diesel, para depois interligá-los e levar eletricidade às grandes centrais e poder ligá-las e sincronizá-las com o Sistema Eletroenergético Nacional (SEN).

Até ao momento, de acordo com o Minem e a UNE, conseguiu-se restabelecer a corrente em zonas muito pontuais e quase todas as províncias do país, principalmente junto do que as autoridades classificam como "centros vitais", como os hospitais.

O complexo processo de avanço incerto -- e por vezes com retrocessos -- prolongou-se por vários dias nos três apagões anteriores.

A desconexão do SEM aconteceu pelas 20:15, hora local (00:15 em Lisboa) de sexta-feira (madrugada de sábado, em Lisboa), e tem por base uma avaria da subestação de Diezmero, nos arredores de Havana.

Isto provocou a falha em cadeia de várias unidades de produção elétrica com uma "perda importante de geração [de eletricidade] no ocidente de Cuba" e, posteriormente, o "colapso total" do sistema, segundo explicou o Minem.

Os frequentes apagões prejudicam a economia cubana, que se contraiu em 1,9% em 2023 e não cresceu em 2024, segundo estimativas do próprio Governo.

Tendo por base estes números, o PIB da ilha das Caraíbas continua abaixo dos níveis de 2019 e não os deve superar em 2025, com o executivo a estimar um crescimento de apenas 1% este ano.

A complexa situação energética que aquele país das Caraíbas sofre há anos agravou-se nos últimos meses.

A crise deve-se sobretudo às repetidas avarias em centrais termoelétricas obsoletas, em funcionamento há décadas e com uma carência crónica de investimentos, e à falta de combustível devido à falta de divisas do Estado cubano para o importar.

Segundo várias estimativas independentes, o Governo cubano necessitaria entre oito mil milhões e dez mil milhões de dólares (entre 7,6 mil milhões e 9,5 mil milhões de euros) para reativar o sistema elétrico do país, um investimento fora do seu alcance, além de que qualquer solução só seria possível a longo prazo.

Cuba vive uma profunda crise económica com escassez de produtos básicos (alimentos, medicamentos, combustíveis), cortes prolongados de energia e inflação. Hoje, 80% do que é consumido é importado.

Em resultado, o país de 9,7 milhões de habitantes tem registado grandes fluxos de emigração. Em 2023, estima-se que pelo menos 300 mil cubanos saíram do país.

As autoridades iniciaram um programa para instalar parques fotovoltaicos e prometeram que 55 parques de fabrico chinês estarão prontos este ano, produzindo 1.200 megawatts, ou 12% do consumo total.

Os apagões provocaram manifestações antigovernamentais em 2021, 2022 e 2024.

Leia Também: Milhões sem electricidade em Cuba devido ao quarto apagão em seis meses

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