Num comunicado, a organização não-governamental, com sede em Londres, denuncia a perseguição de defensoras dos direitos das mulheres, jornalistas, cantoras e outras ativistas que exigem igualdade ou contestam a imposição do véu obrigatório.
A denúncia surge um dia antes da reunião de terça-feira do Conselho dos Direitos Humanos da ONU sobre a situação neste domínio em todo o território iraniano e no contexto das negociações em curso para prorrogar os mandatos do relator especial e da missão de inquérito da ONU no Irão.
"Em vez de combater a discriminação e a violência sistemáticas contra as mulheres e as raparigas, as autoridades estão a tentar esmagar o movimento dos direitos das mulheres no Irão", lamentou Diana Eltahawy, diretora regional adjunta da AI para o Médio Oriente e Norte de África.
Segundo a AI, as autoridades iranianas prenderam arbitrariamente pelo menos cinco ativistas dos direitos das mulheres desde o Dia Internacional da Mulher, a 08 deste mês.
A escritora Nina Golestani foi detida em casa dos pais a 11 de fevereiro e transferida para a prisão de Lakan, de onde foi libertada sob fiança cinco dias depois, enquanto quatro ativistas curdas foram detidas depois de terem participado em atividades do Dia da Mulher no Curdistão iraniano e têm permanecido em prisão solitária desde então, denuncia a Amnistia.
No período que antecedeu o Dia da Mulher, acrescenta a AI, houve também ataques a defensoras dos direitos da mulher, como a artista Mehdi Yarrahi, que recebeu 74 chicotadas por ter cantado publicamente uma canção de protesto contra as leis discriminatórias do Irão relativas ao véu.
Além disso, a organização não-governamental recordou que a ativista dos direitos das mulheres Sharifeh Mohammadi foi condenada à morte pela segunda vez em fevereiro, depois de o Supremo Tribunal ter anulado uma anterior sentença capital em outubro de 2024.
A representante da AI denunciou estes acontecimentos e apelou à comunidade internacional para "lutar contra a impunidade e pelos direitos das mulheres e raparigas no Irão".
"Os Estados devem exercer influência para pressionar as autoridades iranianas a acabar com o assédio aos ativistas dos direitos das mulheres e libertar imediatamente aqueles que foram detidos arbitrariamente", disse Eltahawy.
A 20 de fevereiro, num relatório conjunto, as organizações Iranian Human Rights (IHR), com sede na Noruega, e Ensemble contre la Oeine de Mort (ECPM, francesa), denunciaram que pelo menos 975 pessoas foram executadas no Irão em 2024.
As duas organizações não-governamentais destacaram que se observa uma "terrível escalada" na aplicação da pena de morte como meio de "repressão política", considerando o total de execuções "extremamente chocante" e o mais elevado desde que começaram a fazer este registo, em 2008.
Mas, de acordo com um relatório das duas ONG, que trabalharam com numerosos testemunhos, o número é provavelmente menor do que o real, uma vez que a grande maioria (90%) das execuções não é tornada pública.
Cerca de 40 alegados casos de execuções não puderam ser incluídos no documento devido à falta de cruzamento de fontes, de acordo com os autores.
Das 975 pessoas executadas em 2024 - um aumento de 17% em relação a 2023 - 31 eram mulheres e quatro foram enforcadas em público, lê-se no documento.
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