Médicos Sem Fronteiras alertam para malnutrição crescente de crianças no Iémen

A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou hoje para a situação de crescente malnutrição de crianças no Iémen, sublinhando que as necessidades já ultrapassaram largamente a capacidade de tratamento, e pediu uma resposta urgente.

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Lusa
19/03/2025 13:18 ‧ há 4 horas por Lusa

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MSF

Segundo adianta a organização num relatório hoje divulgado, a MSF tratou mais de 35.000 crianças com menos de cinco anos subnutridas entre 2022 e 2024, mas "as admissões continuam alarmantemente elevadas".

 

Sublinhando que existe no país uma "crise humanitária profunda", a MSF adiantou, no relatório "A crescente onda de malnutrição no Iémen", que as necessidades das pessoas estão a ultrapassar largamente a capacidade de tratamento existente.

"As crianças estão a chegar em condições cada vez mais críticas. As pessoas já não podem esperar por ajuda que simplesmente não chega suficientemente depressa", alertou chefe de operações da MSF no Médio Oriente, Himedan Mohammed.

"Este não é o momento para meias medidas", defendeu, referindo que o número de crianças atendidas naquele período foi registado em apenas cinco províncias do país: Amran, Saada, Hajjah, Taiz e Al Hudaydah.

"Estes números refletem a luta contínua das famílias para comprar alimentos e ter acesso a cuidados de saúde após anos de conflito e instabilidade, agravados pela deterioração da economia do país", adiantou.

Segundo a organização, embora a capacidade de tratamento da MSF tenha sido alargada, não consegue satisfazer todas as necessidades.

Com as suas instalações sobrecarregadas com crianças a necessitar de cuidados, muitas das quais sofrem também de sarampo, cólera e diarreia, a MSF registou um pico da crise em setembro do ano passado.

"Durante o pico anual da época de malnutrição, as taxas de ocupação de camas nas instalações apoiadas pela MSF atingiram níveis extremamente elevados na maioria das instalações", avançou a organização, referindo que no hospital Al-Salam, na província de Amran, a taxa de ocupação de camas "subiu para 254% nesse mês, indicando uma sobrelotação extrema".

As suspensões e reduções nos programas de assistência alimentar intensificaram as dificuldades para as pessoas em todo o Iémen, lamenta a MSF.

Segundo adianta, a situação de malnutrição é agravada por "lacunas nas infraestruturas de saúde e na cobertura da vacinação, entre outros fatores".

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em abril de 2024, quase 46% das unidades de saúde no Iémen estavam apenas parcialmente funcionais ou completamente fora de serviço.

"Face às reduções súbitas e drásticas do financiamento humanitário para o Iémen, o envolvimento sustentado dos doadores e o financiamento flexível dos principais doadores são cruciais para lidar com a crescente crise humanitária do Iémen", alerta a MSF, apelando às partes interessadas para que "expandam os esforços de vacinação nas comunidades para conter doenças preveníveis".

Por outro lado, argumenta a organização, são precisas "melhorias urgentes nos programas de distribuição de alimentos" no Iémen, que garantam, nomeadamente, que as mulheres grávidas e lactantes, bem como as crianças com menos de cinco anos, recebem nutrição necessária antes que a sua saúde seja ameaçada.

"Sem uma ação coletiva rápida, as pessoas mais vulneráveis do Iémen sofrerão ainda mais com um sistema de saúde sobrecarregado e com taxas crescentes de subnutrição", conclui a MSF.

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