"Putin deve pagar a conta da guerra que ele próprio iniciou, não os contribuintes europeus ou americanos", declarou Stefanchuk na reunião dos presidentes parlamentares do Conselho da Europa, em Estrasburgo, França.
No seu discurso, o presidente da Verkhovna Rada (parlamento ucraniano) agradeceu o apoio dos países europeus à Ucrânia, numa altura em que os Estados Unidos tentam negociar diretamente uma trégua entre Kiev e Moscovo.
O Conselho da Europa, órgão de fiscalização da democracia e dos direitos fundamentais no continente, reúne 46 países desde a exclusão da Rússia no seguimento da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
A organização criou um registo de danos associados ao conflito com a intenção de ter a oportunidade de encaminhar a fatura para Moscovo.
Stefanchuk apelou à comunidade internacional para que avance no estabelecimento de um "tribunal especial" para julgar os responsáveis ??por crimes relacionados com a invasão da Ucrânia.
Três semanas após uma acesa discussão na Casa Branca entre o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, Stefanchuk pediu aos seus colegas europeus que usem os seus "contactos em Washington para partilhar a verdade" sobre a Ucrânia.
"O mundo precisa de ver a extensão do nosso sofrimento, a destruição que estamos a sofrer e a clara diferença entre vítima e agressor", argumentou, acrescentando que os ucranianos "querem a paz mais do que qualquer outra pessoa", mas não estão dispostos a alcançá-la a qualquer preço.
"Para nós, os Estados Unidos serão sempre um parceiro fundamental e um aliado de confiança", afirmou, por outro lado, o presidente do parlamento ucraniano, prestando homenagem ao "papel de liderança do Presidente Donald Trump".
Numa referência às negociações que se avizinham sobre um cessar-fogo, Ruslan Stefanchuk insistiu que Kiev nunca aceitará o controlo russo dos territórios ocupados ou o enfraquecimento do seu Exército, bem como abdicar do direito a escolher os seus aliados.
"A Ucrânia precisa de garantias reais de segurança, não de promessas vãs", frisou, alertando ao mesmo tempo que "não se deve permitir que a Rússia decida o futuro da Ucrânia na NATO".
A Conferência Europeia dos Presidentes dos Parlamentos, que se realiza de dois em dois anos, é subordinada este ano ao tema "Salvaguardar a Democracia".
No encontro, a presidente cessante da câmara baixa do parlamento alemão (Bundestag), Bärbel Bas, realçou que "a Ucrânia não está apenas a lutar pela sua própria liberdade, mas também pelos valores europeus".
Bärbel Bas observou que "os cidadãos da Ucrânia sabem que os inimigos da liberdade e da democracia nunca devem prevalecer", num momento em que os deputados alemães aprovaram um substancial aumento das despesas militares.
"É claro que a Alemanha assumirá totalmente a sua responsabilidade na Europa", comentou ainda.
No mesmo sentido, a presidente da Assembleia Nacional de França, Yaël Braun-Pivet, afirmou que "o povo ucraniano não será forçado a uma paz injusta e instável" nas negociações de Kiev com Moscovo.
A presidente do parlamento francês criticou a "ingerência estrangeira" que "se infiltra, influencia e envenena o debate democrático", apontando em particular a "intervenção americana direta a favor da extrema-direita na Alemanha".
No mês passado, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, apelou aos principais partidos alemães para cooperarem com a extrema-direita, em vez de a ostracizarem, atraindo críticas de Berlim, em pleno processo eleitoral no país, que deu a vitória à direita moderada.
Ucrânia e Rússia anunciaram hoje negociações com os Estados Unidos para segunda-feira na Arábia Saudita para discutir a proposta de um cessar-fogo de 30 dias que o Kremlin quer limitar a ataques a infraestruturas e alvos energéticos.
Esta nova fase de contactos segue-se a telefonemas mantidos esta semana por Donald Trump com Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.
Leia Também: Zelensky exige que Putin ponha fim a exigências "inúteis"