Comissão de inquérito sobre massacres na Síria com dezenas de testemunhos

A comissão encarregada de investigar os atos de violência e os massacres ocorridos na costa síria no início de março anunciou hoje que já ouviu dezenas de testemunhos e está a prosseguir o seu trabalho.

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© Oguz Yeter/Anadolu via Getty Images

Lusa
25/03/2025 16:44 ‧ há 11 horas por Lusa

Mundo

Síria

Esta comissão foi criada pela presidência provisória síria na sequência dos massacres de mais de 1.600 civis, sobretudo alauitas, durante confrontos entre as forças de segurança e militares leais ao presidente deposto, Bashar al-Assad, no oeste do país, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

 

As forças de segurança, grupos armados aliados e 'jihadistas' estrangeiros foram responsabilizados por estas atrocidades, as mais graves desde que uma coligação liderada pelo grupo radical islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS) derrubou Assad do poder, a 08 de dezembro de 2024.

Numa conferência de imprensa em Damasco, o porta-voz da comissão, Yasser al-Farhan, indicou que esta iniciou o seu trabalho no terreno a 14 de março, na província de Latakia.

Foram realizadas entrevistas a responsáveis oficiais e de segurança, bem como a "centenas de familiares e testemunhas", precisou, acrescentando que a investigação prossegue.

A comissão recolheu "mais de 95 testemunhos" e recebeu "mais de 30 depoimentos orais e escritos através de contacto direto com os seus membros", continuando a obter mensagens através de plataformas digitais.

O OSDH denunciou massacres que dizimaram famílias inteiras e "execuções sumárias", perpetrados sobre a minoria alauita, em especial nos dias 07 e 08 de março.

A organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos e ativistas divulgaram vídeos de execuções de pessoas desarmadas e trajadas à civil.

As autoridades acusaram os grupos armados pró-Assad de alimentarem a violência na costa, efetuando ataques sangrentos contra as suas forças.

Farhan declarou que a comissão analisou "93 elementos de prova digital" e se reuniu com equipas da ONU.

Segundo o porta-voz, a comissão estenderá o seu trabalho às províncias de Tartus, Banias, Hama e Idlib nas próximas semanas. Insistiu, contudo, ser ainda demasiado cedo para "revelar pormenores".

A região continua a ser perigosa, de acordo com o porta-voz da comissão de inquérito, uma vez que "as pessoas envolvidas em crimes contra a humanidade ali continuam em liberdade".

"Ainda aguardamos a adoção de uma lei sobre a justiça de transição na Síria", afirmou Farhan, acrescentando que "muitos sírios acreditam que poderia ser criado um tribunal nacional especial para julgar os responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade".

As autoridades comprometeram-se a criar uma justiça de transição, mas as execuções sumárias e os atos de vingança continuam a decorrer com regularidade, de acordo com o OSDH.

Leia Também: Israel ataca sul da Síria provocando pelo menos cinco mortos

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