Este novo reforço financeiro faz parte do plano do governo britânico de aumentar a sua despesa nesta área governamental para 2,5% do PIB até abril de 2027 e, segundo o Ministério das Finanças em comunicado, a ministra revelará os detalhes durante a sua declaração fiscal da primavera, prevista para quarta-feira.
O aumento das despesas com a defesa segue-se aos 2,9 mil milhões de libras (3,475 mil milhões de euros) anunciados por Reeves no orçamento de Estado de outubro passado, e elevará as despesas militares para 2,36% do PIB, contra 2,3% no ano fiscal anterior.
Os novos fundos provêm da reserva do Tesouro britânico e de um corte no orçamento da ajuda externa, pelo que não exigirão empréstimos adicionais e manterão as regras da política fiscal dos trabalhistas, refere a nota.
Com este dinheiro, o Reino Unido tenciona investir em tecnologia militar avançada para dar às Forças Armadas britânicas os instrumentos necessários para combater as guerras modernas e proporcionar "melhores casas" às famílias dos militares, acrescenta a nota.
Isto garantirá o investimento em navios da Marinha Real para os equipar com armas de energia dirigida (como lasers) até 2027, capazes de atingir uma moeda de libra a um quilómetro de distância e abater drones a 5 quilómetros de distância.
Ajudará também a renovar o parque habitacional da defesa, com mais de 36 000 casas que o setor do arrendamento devolveu recentemente à propriedade pública, e contribuirá para acelerar os estudos de terreno, o planeamento, a construção e a renovação das residências das Forças Armadas.
Durante o seu discurso no Parlamento, Reeves irá argumentar que esta decisão é necessária para garantir o futuro do Reino Unido num mundo "que está a mudar perante os nossos olhos" e para impulsionar o crescimento económico, proteger a segurança nacional e melhorar a vida dos britânicos, de acordo com a sua promessa eleitoral de mudança.
"Este aumento do investimento não se destina apenas a reforçar a nossa segurança nacional, mas também a nossa segurança económica. À medida que as despesas com a defesa aumentam, quero que todo o país sinta os seus benefícios", afirmou.
A Comissão Europeia já pediu que os Estados-membros da UE ativem a cláusula de salvaguarda nacional até abril e adotem rapidamente o regulamento relativo ao reforço do armamento e do fabrico europeus.
Na prática, com a ativação desta cláusula de salvaguarda nacional, os Estados-membros podem investir (de forma voluntária) mais em defesa sem essas despesas contarem para o saldo orçamental, o que evita procedimentos por défice excessivo (PDE).
Esta é uma das medidas do plano de 800 mil milhões de euros para defesa na UE, apresentado no início do mês e que o executivo comunitário quer já em marcha, que inclui esta ativação da cláusula de salvaguarda nacional (para aumento da despesa pública com defesa num acréscimo máximo de 1,5% do PIB por ano, que resultará em 650 mil milhões de euros para quatro anos) e um novo instrumento europeu voluntário de crédito para circunstâncias extraordinárias (num total de 150 mil milhões de euros.
Estima-se que a UE possa ter de gastar 250 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 3,5% do seu PIB, para a sua segurança num contexto de tensões geopolíticas como a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.
Atualmente, o bloco comunitário no seu conjunto aloca cerca de 1,9% do seu PIB a gastos com defesa e Portugal está abaixo desse valor (1,55% do PIB).
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