Espanha avança com lei para proteger menores de pornografia na Internet

O Governo de Espanha aprovou hoje uma proposta de lei que vai enviar ao parlamento com diversas medidas que visam proteger os menores de idade de diversos conteúdos na Internet, em especial, pornográficos.

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© Getty/David Canales

Lusa
25/03/2025 16:47 ‧ ontem por Lusa

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A proposta foi aprovada no Conselho de Ministros espanhol de hoje e, no final, numa conferência de imprensa em Madrid, o ministro com a pasta da Justiça, Félix Bolaños, apresentou diversos dados para justificar a necessidade de medidas para a proteção de menores em ambientes digitais.

 

Segundo Bolaños, a idade média para ter o primeiro telemóvel em Espanha é 11 anos, 99% dos menores que o possuem estão nas redes sociais e 91% acedem diariamente à Internet.

A idade média do primeiro acesso a um conteúdo pornográfico na Internet é igualmente 11 anos, sendo que na maioria dos casos ocorre de forma casual, quando as crianças e adolescentes estão a navegar na Internet e nas redes sociais, revelou o ministro, que disse citar dados de estudos nacionais e europeus.

A proposta de lei que o Conselho de Ministros aprovou hoje para enviar ao parlamento resulta de cerca de um ano de trabalhos envolvendo vários ministérios, organismos e empresas e foi anunciada em janeiro de 2024 pelo Governo.

Nessa altura, o Governo disse que preparava legislação para responder ao "problema social" do consumo de pornografia na Internet por menores de idade que incluiria um sistema pioneiro de verificação de identidade e idade no acesso a conteúdos, que foi entretanto desenvolvido e está em fase de testes por parte da Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD).

Segundo o Governo espanhol, trata-se de uma aplicação "pioneira na Europa" e de um sistema "já aprovado pelos principais navegadores", numa referência às plataformas digitais.

O acesso à pornografia nestas idades tem "consequências e impactos negativos nos menores", como uma "distorção da perceção da sexualidade", problemas emocionais e psicológicos, desenvolvimento de "comportamentos desadequados" ou "a normalização da violência contra as mulheres", disse a ministra da Edudação, Pilar Legria, em 16 de janeiro de 2024.

Ao longo de 2023, o Ministério Público espanhol tinha chamado por diversas vezes a atenção para o aumento de crimes cometidos por menores, em especial, delitos sexuais, o que relacionou com o consumo da pornografia na Internet, a que os jovens recorrem como se fosse um tutorial, numa banalização das relações sexuais.

Os delitos sexuais cometidos por menores de idade em Espanha aumentaram 18% em 2022 e os adolescentes foram os autores de 10% de todas as violações denunciadas às autoridades, segundo um relatório oficial.

Para além de medidas novas para verificação da idade no acesso a conteúdos na Internet, a proposta hoje aprovada pelo Governo espanhol inclui sistemas obrigatórios de controlo parental dos telemóveis e outros dispositivos introduzidos pelas empresas na própria fabricação dos aparelhos, programas de formação para professores e alunos e mudanças no Código Penal, entre outros aspetos.

Dentro destas mudanças no Código Penal está a tipificação do crime de "deepfake", o uso da Inteligência Artificial para denegrir e atentar contra a imagem de qualquer pessoa, seja menor ou maior de idade.

Em concreto, a proposta é tipificar como crime contra a integridade moral a geração e difusão de imagens de conteúdo sexual ou gravemente vexatório contra qualquer pessoa.

Em causa estão conteúdos criados com o objetivo de parecerem reais usando a imagem de uma pessoa.

A proposta prevê ainda "ordens de afastamento digitais" de agressores em relação a vítimas ou que passe a ser delito disponibilizar conteúdos pornográficos sem medidas de controlo que evitem o acesso por parte de menores.

Outro aspeto da proposta é o objetivo de agravar as penas para casos como o de pessoas adultas que se fazem passar por menores para comunicar com crianças e adolescentes na Internet.

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