Líder da oposição turca visita rival presidencial detido e marca protesto

O líder do principal partido da oposição da Turquia visitou hoje na prisão Ekrem Imamoglu, presidente da câmara de Istambul e rival do presidente turco, e convocou uma grande manifestação no sábado para exigir a sua libertação.

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© Mehmet Ali Ozcan/Anadolu via Getty Images

Lusa
25/03/2025 21:50 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Turquia

Após um encontro de duas horas com Imamoglu na prisão de Silivri, a oeste de Istambul, o líder do Partido Republicano do Povo (CHP), Ozgur Ozel, disse aos jornalistas estar "envergonhado, em nome daqueles que governam a Turquia, pela atmosfera (...) e pela situação que a Turquia está a passar".

 

Ozel descreveu Imamoglu e dois autarcas do CHP também presos como "três leões lá dentro, de pé, com as cabeças erguidas... orgulhosos de si mesmos, das suas famílias, dos seus colegas, sem medo".

O presidente da câmara de Istambul foi detido na quarta-feira passada sob a acusação de corrupção e ligações terroristas, tendo ficado em prisão preventiva no dia anterior.

Na véspera, a Universidade de Istambul anulou o seu diploma universitário, uma condição para a sua candidatura presidencial.

Apresenta-se como o principal rival do presidente Recep Tayyip Erdogan nas eleições de 2028 e a sua detenção foi amplamente vista como politicamente motivada, desencadeando manifestações, algumas delas violentas, por todo o país.

O governo insiste que o poder judicial da Turquia é independente e livre de influência política, o que é rejeitado por organizações como a Human Rights Watch.

O líder do CHP afirmou também hoje que o partido da oposição a Erdogan nomearia agora para o lugar de Imamoglu um presidente da câmara interino, esperando evitar uma substituição indicada pelo governo.

Ozel anunciou planos para uma manifestação no sábado nos arredores de Istambul e avisou o governador, nomeado pelo governo e responsável pela polícia, para não permitir qualquer tipo de violência no ponto culminante da mesma, na Câmara Municipal de Istambul.

"Estarão no grande comício no sábado para apoiar Ekrem Imamoglu, para se oporem à sua detenção (...) e para dizer que queremos eleições antecipadas?", questionou Ozel, perante uma multidão reunida hoje em frente à Câmara de Istambul pela sétima noite consecutiva.

Os protestos prosseguiram hoje um pouco por todo o país, onde mais de 1.400 pessoas foram detidas desde o início, há seis dias, de uma revolta generalizada desencadeada pela detenção de Imamoglu.

Hoje, um tribunal de Istambul ordenou a detenção provisória de sete jornalistas turcos, incluindo um fotógrafo da AFP, sob a acusação de participarem em concentrações ilegais.

Em protesto pela repressão de manifestações, entraram em greve estudantes de 20 universidades, 13 das quais em Istambul, quatro em Ancara, duas em Esmirna e uma em Bursa.

Alguns protestos tornaram-se violentos, com a a polícia de choque a utilizar canhões de água, gás lacrimogéneo e gás pimenta e a disparar balas de borracha contra os manifestantes, que responderam com pedras, fogo de artifício e outros objetos.

Os governadores de Ancara e Izmir prolongaram hoje as proibições de manifestações até 01 de abril e 29 de março, respetivamente.

A proibição em Istambul termina atualmente na quinta-feira.

Discursando em Ancara, Erdogan pediu às pessoas que "saibam os limites, mantenham a moderação e não cruxem a linha entre a luta por direitos e o insulto e o vandalismo".

"Aqueles que espalham o terror nas ruas e querem transformar este país em fogo não têm destino. O caminho que tomam é um beco sem saída", acrescentou.

Também hoje, a presidência francesa apelou à libertação de Imamoglu, e instou a Turquia a comportar-se como um "grande parceiro democrático".

"Lamentamos a detenção do presidente da Câmara de Istambul e esperamos a sua libertação", disse um conselheiro do Presidente Emmanuel Macron numa conferência de imprensa, citado pela AFP.

"A Turquia é um grande parceiro, mas queremos um grande parceiro democrático (...) que atue de acordo com os valores da União Europeia e que ligue a Turquia à União Europeia", acrescentou.

Leia Também: AFP apela à Turquia que "liberte rapidamente" jornalista Yasin Akgül 

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