A nomeação de Bozell, que terá ainda de ser confirmado pelo Senado norte-americano, foi anunciada poucos dias depois de regressar à África do Sul o embaixador deste país em Washington, Ebrahim Rasool, expulso após uma palestra em que relacionou o movimento de apoio a Trump ao supremacismo branco.
Trump tem criticado a posição da África do Sul sobre o conflito na Faixa de Gaza, incluindo acusar Israel perante o Tribunal Internacional de Justiça de cometer genocídio na Faixa de Gaza.
O Presidente norte-americano alegou ainda que o governo sul-africano promove ou permite ataques à minoria branca do país e o confisco ilegal das terras destes através da Lei de Expropriação recentemente promulgada.
A nova administração norte-americana ofereceu mesmo o estatuto de refugiado a brancos sul-africanos que queiram mudar-se para os Estados Unidos.
Alegando que o Governo do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês estava a apoiar o grupo militante palestiniano Hamas e o Irão, Trump assinou também uma ordem executiva que congela toda a ajuda financeira à África do Sul.
O embaixador norte-americano agora nomeado é fundador do Media Research Center, do Parents Television Council e de outras organizações de comunicação social conservadoras.
O seu filho, Leo Brent Bozell IV, foi um dos apoiantes de Trump que invadiu o Capitólio norte-americano em 2021 e foi condenado a quatro anos de prisão no ano passado.
Bozell foi anteriormente nomeado para chefiar a Agência dos Estados Unidos para os Media Globais, mas a sua nomeação acabou por ser retirada.
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, ainda não anunciou novo embaixador do país em Washington, mas esta semana afirmou que os relatos sobre pessoas brancas serem atacadas na África do Sul baseiam-se numa "narrativa completamente falsa".
Ebrahim Rasool, declarado 'persona non grata' pela administração Trump, foi recebido sábado no aeroporto Internacional da Cidade do Cabo por centenas de apoiantes.
O embaixador foi expulso após participar num webinar em que afirmou de que o movimento 'Make America Great Again' (MAGA), base de apoio político a Trump, era em parte uma resposta a "um instinto supremacista".
São raros os casos de embaixadores estrangeiros expulsos de Washington, como Rasool, que foi declarado 'persona non grata' pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.
Numa publicação na rede social X (antigo Twiter) em 14 de março, Rubio justificou a decisão afirmando que Rasool odeia os Estados Unidos e Trump.
A intervenção de Rasool foi noticiada no site de notícias conservador Breitbart, e no regresso ao seu país o embaixador disse que mantinha os seus comentários.
Caracterizou-os como um mero alerta aos intelectuais e líderes políticos da África do Sul para o facto de os EUA e da sua política terem mudado.
"Não são os EUA de Obama, não são os EUA de Clinton, são uns EUA diferentes e, por isso, a nossa linguagem tem de mudar", disse, justificando que está a analisar "um fenómeno político, não uma personalidade, não uma nação, nem sequer um Governo".
O artigo do Breitbart que Rubio citou ao anunciar a expulsão de Rasool foi escrito por Joel Pollak, editor nascido na África do Sul, que é judeu e aliado da administração Trump.
Pollak era um dos candidatos a novo embaixador norte-americano na África do Sul.
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