Os nomeados políticos do Departamento de Justiça norte-americano mudam normalmente com uma nova administração, mas os procuradores de carreira permanecem no departamento durante as administrações presidenciais, estando até protegidos de rescisões por motivos políticos.
De acordo com a AP, que documenta diversos casos de procuradores demitidos nas últimas semanas, a amplitude das demissões deste tipo com a administração de Donald Trump ultrapassa de longe a rotatividade habitualmente observada no Departamento de Justiça.
Na sexta-feira, um procurador-adjunto em Los Angeles, Adam Schleifer, foi demitido sem qualquer explicação, através de um e-mail conciso enviado pelo Gabinete de Pessoal da Casa Branca.
Segundo uma fonte que falou à AP sob condição de anonimato por preocupação com potenciais represálias, e e-mail enviado a Schleifer, que investigava fraudes empresariais e de valores mobiliários no gabinete do procurador federal em Los Angeles, dizia apenas que estava a ser despedido "em nome do Presidente Donald J. Trump".
O e-mail chegou exatamente uma hora depois de a ativista de direita Laura Loomer ter pedido a sua demissão num post nas redes sociais, destacando os comentários críticos de Schleifer sobre Trump.
As críticas foram feitas enquanto Schleifer concorria às primárias democratas para um lugar no Congresso em Nova Iorque.
Na altura em que foi despedido, na sexta-feira, Schleifer estava a processar um caso de fraude contra Andrew Wiederhorn, o antigo diretor executivo da Fat Brands Inc., que fez donativos durante a campanha presidencial a grupos que apoiavam Trump.
A porta-voz da presidência, Karoline Leavitt, afirmou à AP que a Casa Branca, "em coordenação com" o Departamento de Justiça, demitiu mais de 50 procuradores e adjuntos nas últimas semanas.
"O povo americano merece um poder judicial repleto de zeladores honestos da lei que queiram proteger a democracia e não subvertê-la", disse Leavitt.
Também na semana passada, a Casa Branca demitiu um procurador de longa data que desempenhava o cargo de procurador-geral interino em Memphis.
O e-mail enviado a Schleifer veio do Gabinete de Pessoal da Casa Branca, que recruta, seleciona e gere os nomeados políticos e não tem qualquer papel na contratação ou despedimento de funcionários públicos de carreira.
Reagan Fondren, uma procuradora de longa data do Tennessee, foi despedida na quinta-feira também através de uma mensagem eletrónica enviada pela Casa Branca, segundo disse a própria ao The Daily Memphian.
Um porta-voz do Departamento de Justiça não quis comentar os casos.
O Departamento de Justiça despediu funcionários que trabalharam nos processos contra o Presidente, durante a anterior administração, e despromoveu uma série de supervisores de carreira, mas os últimos despedimentos de procuradores foram feitos pela própria Casa Branca.
A nova procuradora-geral Pam Bondi é uma aliada próxima de Trump, que tem como adjuntos Todd Blanche e Emil Bove, ambos ex-advogados de defesa do Presidente.
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