Dos cerca de 47 milhões de argentinos 38,1% viviam abaixo do dito limiar da pobreza no final de 2024, o que compara com 41,7% homólogos, depois de uma subida espetacular para 52,9% no primeiro semestre, um resultado conjugado da desvalorização, inflação e austeridade orçamental.
O limiar da pobreza está fixado em 342 mil pesos, equivalentes a 313 dólares, e é determinado segundo um cabaz de bens estabelecido pelo Instituto da Estatística (Indec).
Milei, que se descreve como um 'anarcocapitalista', conduziu desde a sua chegada ao cargo, em dezembro de 2023, uma política de austeridade draconiana, acrescida de uma desvalorização do peso em mais de 52% e uma 'secagem' da despesa pública, em nome de um objetivo 'défice zero' orçamental.
Esta terapia de choque provocou a queda da inflação, de 211% em 2023 para 117% em 2024, causando a contração da atividade económica, com o produto interno a cair 1,8% em 2024, o disparar do desemprego e a subida da pobreza no primeiro semestre para 52,9%, nível inédito no país desde há mais de 20 anos.
Porém, vários universitários discutem a dimensão da descida da taxa de pobreza, bem como o índice do Indec.
Em declarações à AFP, o economista Leopoldo Tornarolli, da Universidade de La Plata, relativizou: "Provavelmente, houve um exagero no cálculo da subida, como (hoje) da descida".
Mas sobretudo, destacou, o índice do Indec é uma "aproximação incompleta" da pobreza, por ser calculado com base um cabaz de bens "obsoleto" e "menos representativo", com critérios datados de há 20 anos.
Os consumos mudaram, com mais recursos consagrados a serviços, como transportes e energia, que eram muito subsidiados, mas que deixaram de o ser com Milei, disse.
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