Descobertos restos mortais de gladiador que lutou num espetáculo romano

Cientistas descobriram o primeiro esqueleto de um gladiador com marcas nos ossos provocadas pela dentada de um grande felino --- provavelmente um leão --- com mais de 1.800 anos, num sítio arqueológico localizado nos arredores de York, Inglaterra.

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© iStock/Gennaro Leonardi

Lusa
24/04/2025 06:27 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Descoberta

Tudo o que se sabe sobre as lutas entre gladiadores romanos e feras selvagens provém dos textos e representações artísticas da época, batalhas épicas que o cinema e a literatura sempre recriaram. No entanto, nenhuma evidência desses espetáculos tinha sido encontrada até agora.

 

A descoberta, divulgada na quarta-feira num estudo publicado na revista Plos One, não só comprova a existência destes espetáculos, como também confirma que estes brutais divertimentos também eram realizados em territórios distantes do Império e não apenas no Coliseu, em Roma.

O esqueleto foi descoberto no sítio arqueológico de Driffield Terrace, localizado junto à estrada romana que ia da cidade de Eboracum (atual York) até Tadcaster.

Em 2004, os cientistas começaram a escavar o local e, em 2010, começaram a examinar os 82 esqueletos masculinos que foram enterrados neste cemitério romano, entre 200 e 300 d.C.

A investigação, conduzida por uma equipa internacional de arqueólogos e osteólogos liderada por Tim Thompson, professor de Antropologia na Universidade Maynooth, na Irlanda, descobriu que os restos mortais pertenciam a jovens bem constituídos que sofriam traumas frequentes, noticiou na quarta-feira a agência Efe.

Um dos esqueletos, de um homem entre os 26 e os 35 anos, foi enterrado numa cova com outros dois indivíduos e coberto de ossos de cavalo.

A análise revelou que, em vida, o homem sofreu de problemas nas costas causados por uso excessivo, inflamação de um pulmão e danos na coxa. Além disso, em criança, sofreu de desnutrição, da qual recuperou mais tarde.

No osso pélvico, os investigadores encontraram uma marca de um incisivo de leão --- que foi comparada e correspondida à dentada de um leão de jardim zoológico --- que não tinha cicatrizado e era provavelmente a causa da morte.

Para Thompson, "esta descoberta é a primeira evidência física direta de que tais acontecimentos ocorreram durante este período, o que muda a nossa perceção da cultura de entretenimento romana na região".

Ao estudar os restantes esqueletos e o esmalte dos dentes, a equipa descobriu que estes vieram de uma grande variedade de províncias romanas de todo o mundo e que as suas mortes foram consistentes com combates de gladiadores.

Além disso, todos eles tinham constituições particularmente fortes, fruto do treino e de um grande número de ferimentos curados associados à violência, sugerindo que os homens enterrados eram Bestarius, um tipo de gladiador treinado por voluntários ou escravos.

"As marcas de mordida foram provavelmente feitas por um leão, confirmando que os esqueletos enterrados no cemitério eram de gladiadores, e não de soldados ou escravos, como se pensava inicialmente", explicou Malin Holst, investigadora da Universidade de York e coautora do estudo.

A Grã-Bretanha foi ocupada pelos romanos do século I ao século V, e a cidade romana de Eboracum é conhecida por ter acolhido competições de gladiadores até ao século IV d.C., provavelmente porque muitos generais e políticos de alto nível aí residiam, incluindo Constantino, que foi feito imperador em 306 d.C.

Esta descoberta "extremamente entusiasmante" permite "começar a construir uma imagem melhor de como eram estes gladiadores em vida", sublinhou Holst.

Para David Jennings, diretor-geral da York Archaeology, o estudo "oferece uma visão extraordinária sobre a vida e a morte deste indivíduo em particular e contribui para a investigação genómica anterior e em curso sobre as origens de alguns dos homens sepultados neste cemitério romano".

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