"Os violentos confrontos entre as Forças Armadas Sudanesas e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) aumentaram drasticamente no estado do Darfur Norte (oeste), tendo como epicentro Al-Fashir e o campo de deslocados internos de Zamzam", segundo um comunicado do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla em inglês).
Em resultado destes ataques, Zamzam - que albergava 400 mil pessoas - foi "praticamente esvaziado" e, segundo os relatórios do OCHA, as forças aliadas das RSF "estão a impedir que os restantes habitantes, na sua maioria jovens, saiam".
O OCHA acrescenta ainda que, de "10 a 22 de abril, a área em redor de Al-Fashir e Zamzam foi alvo de constantes bombardeamentos de artilharia, ataques com 'drones' [aparelhos aéreos não tripulados] e ataques terrestres, que resultaram na morte de centenas de civis, incluindo 12 trabalhadores humanitários, e numa vaga de deslocações sem precedentes".
Segundo "estimativas não verificadas", o OCHA salienta que mais de 400 pessoas foram mortas na sequência de ataques das RSF a posições das forças armadas em Al-Fashir, o último reduto das forças governamentais na vasta região de Darfur, que está sob cerco rebelde desde maio de 2024.
"A ONU e os seus parceiros humanitários apelam urgentemente às partes em conflito para que respeitem o direito internacional humanitário, garantam a passagem segura dos civis e o acesso humanitário sem entraves", declarou o OCHA.
A agência da ONU afirmou que "a violência contínua e as deslocações em massa no Darfur do Norte e noutras áreas agravaram ainda mais uma crise humanitária já grave".
Os paramilitares tomaram o controlo do campo de deslocados de Zamzam poucos dias depois de terem lançado uma grande ofensiva, com as forças governamentais a reconhecerem a perda dessa posição.
Depois de terem perdido a capital no final de março, os paramilitares controlam agora partes da região central do Cordofão sudanês, bem como os cinco estados ocidentais de Darfur do Norte, Darfur do Sul, Darfur Ocidental, Darfur Oriental e Darfur Central, e as respetivas capitais, com exceção de Al-Fashir.
Desde o seu início, há mais de dois anos, a guerra no Sudão matou dezenas de milhares de pessoas e deslocou mais de 12,5 milhões, sendo considerada pela ONU como sendo atualmente a pior crise humanitária no mundo.
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