O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, respondeu esta quarta-feira ao seu homólogo norte-americano, Donald Trump, e recordou a posição da sua anterior administração em relação à anexação da Crimeia.
Em causa está o facto de Trump ter criticado Zelensky por ter afirmado que a "Ucrânia não reconhecerá legalmente a ocupação da Crimeia". Para Trump, "esta declaração é muito prejudicial para as negociações de paz com a Rússia, na medida em que a Crimeia foi perdida há anos sob os auspícios do presidente Barack Hussein Obama, e nem sequer é um ponto de discussão".
Numa publicação, nas redes sociais, Zelensky frisou que "a Ucrânia agirá sempre de acordo com a sua Constituição".
"Estamos plenamente confiantes de que os nossos parceiros, e em particular os Estados Unidos, agirão de acordo com as suas decisões sólidas", escreveu na descrição de uma imagem que mostrava uma declaração feita em 2018 pelo então secretário de Estado Mike Pompeo, um dos antigos subordinados de Trump no primeiro mandato (2017-2021) com quem este rompeu relações.
A declaração refere que "nenhum país pode mudar as fronteiras de outro pela força".
Emotions have run high today. But it is good that 5 countries met to bring peace closer. Ukraine, the USA, the UK, France and Germany. The sides expressed their views and respectfully received each other’s positions. It’s important that each side was not just a participant but… pic.twitter.com/lDFV5WK8tw
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) April 23, 2025
O texto do Departamento de Estado diz ainda que os Estados Unidos se recusam a reconhecer as reivindicações de soberania do Kremlin sobre territórios conquistados em violação do direito internacional.
Segundo o canal norte-americano CNN, que cita uma fonte diplomática, a proposta norte-americana que causou o impasse nas negociações inclui o reconhecimento da anexação da Rússia sobre a Crimeia, a par de um cessar-fogo ao longo das linhas de frente da guerra.
Qualquer iniciativa no sentido de reconhecer o controlo da Crimeia pela Rússia inverteria uma década de política norte-americana.
Na terça-feira, antes das conversações que estão a decorrer em Londres com representantes norte-americanos, europeus e ucranianos, Zelensky excluiu qualquer cedência de território ucraniano à Rússia num acordo.
"Não há nada para falar - é a nossa terra, a terra do povo ucraniano", afirmou.
Trump criticou esta "declaração", que considerou "muito prejudicial para as negociações de paz com Rússia". "Declarações inflamadas como a de Zelensky" estão a dificultar a resolução da guerra, afirmou.
"A situação da Ucrânia é terrível - [Zelensky] pode ter paz ou pode lutar por mais três anos antes de perder o país todo", escreveu Trump.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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